As famílias de Marielle Franco e de Anderson Gomes e representantes de organizações de direitos humanos fizeram um ato em frente ao Ministério Público, no Centro do Rio, no fim da manhã desta quarta-feira. Segurando placas com dizeres como “Quem está interferindo no caso Marielle e Anderson?” e “Interferência não!", o grupo cobra por transparência na apuração sobre os assassinatos, em março de 2018. As promotoras Simone Sibílio e Leticia Emile deixaram a Força-Tarefa do Caso Marielle , à pedido, devido ao risco de interferências externas comprometerem as investigações, como revelado pelo GLOBO .
O Comitê Justiça por Marielle e Anderson foi criado — pelas famílias de Marielle e Anderson, pelo Instituto Marielle Franco, pela vereadora Mônica Benício, pela Anistia Internacional no Brasil, pela Terra de Direitos e pela Justiça Global — para cobrar por justiça e esclarecimentos sobre o caso que completa, hoje, 3 anos e 4 meses. O grupo vai realizar ações de mobilização. Uma delas é a plataforma de pressão interferencianao.org , em que qualquer pessoa poderá enviar um e-mail ao governador do Estado e ao Ministério Público cobrando respostas e justiça por Marielle e Anderson.
Anielle Franco, irmã de Marielle, participou do ato de lançamento do comitê nesta manhã, ao lado dos pais e de representantes de entidades de direitos humanos. Numa publicação em seu perfil nas redes sociais, ela questionou:
"Mais um 14 e estamos aqui em frente ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro para perguntar: quem estar interferindo no caso Marielle e Anderson?"
O comitê recém-criado pede por "maior participação dos familiares sobre os próximos passos envolvendo a ação penal movida contra os executores e as investigações dos mandantes, audiências públicas com o governador e o procurador, além de esclarecimentos sobre as denúncias de interferências externas na investigação veiculadas na imprensa".
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"A gente está aqui hoje para fazer esse ato simbólico. Nós já entregamos um ofício ontem, vamos entregar um ofício agora também simbolicamente para a gente saber que tipo de interferência está havendo dentro do processo da minha filha", disse Marinete Silva, mãe de Marielle, em entrevista ao "RJTV", da TV Globo, nesta manhã.
Promotoras deixam o caso
As promotoras Simone Sibílio e Leticia Emile deixaram a Força-Tarefa do Caso Marielle, como revelado pelo GLOBO no último sábado. As duas foram exoneradas a pedido. Fontes da instituição sustentam que as duas entregaram os cargos devido ao risco de interferências externas comprometerem as investigações. Desde setembro de 2018, ambas estavam à frente do inquérito sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O crime ocorreu em 14 de março daquele ano. Políticos e a família da vereadora demonstraram preocupação
com a decisão.
Como revelado pelo GLOBO, a crise que resultou no afastamento das promotoras começou em maio, quando a dupla enviou ofício à Polícia Civil para apurar detalhes do período em que o sargento reformado da PM Ronnie Lessa , acusado pela execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, esteve cedido à instituição. Setores da Polícia Civil interpretaram o documento como sinal de que as duas apuravam a relação de Lessa com agentes de lá.
Na busca dos mandantes do duplo assassinato, Sibílio e Emile enviaram, no dia 27 de maio deste ano, o ofício nº 117/2021 ao Departamento-Geral de Gestão de Pessoas, pedindo o histórico de lotação com as publicações das unidades em onde Lessa trabalhou cedido à Polícia Civil. No ofício, foram estipulados 10 dias para a resposta, mas o Departamento-Geral de Gestão de Pessoas atendeu apenas parte da demanda, constando apenas as delegacias onde o sargento trabalhou, no entanto, sem que constassem os nomes dos outros colegas da PM.