Bolsonaro se confunde e mistura investigações ao criticar CPI da Covid
Presidente chamou a mesa diretora da comissão - formada por Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues - de "os três patetas"
Jair Bolsonaro (sem partido), presidente da República, falou com seus apoiadores na saída do Palácio do Alvorada durante a manhã desta segunda-feira (12) e confundiu dois casos distintos de suposta corrupção envolvendo o governo federal. Ao final, criticou a mesa diretora da CPI da Covid - formada pelos senadores Omar Aziz (PSD-AM), como presidente; Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice; e Renan Calheiros (MDB-AL) relator dos trabalhos - chamando-os de "três patetas".
"Para comprar 400 milhões de doses, a U$ 1 de propina , seriam U$ 400 milhões. Vezes 1.000% [referente o superfaturamento] e vezes R$ 5 [do câmbio], daria R$ 250 bilhões. Para um cabo da PM do DF. Só quem acredita nisso são os três patetas da comissão. Renan, Omar e o 'saltitante' [referência a Randolfe]", disse Bolsonaro.
A crítica do presidente, porém, baseia-se em dois casos distintos e que não possuem relação.
Isso porque o suposto 'superfaturamento de 1.000%', citado por Bolsonaro, refere-se ao contrato do Governo Federal com a Bharat Biotech - laboratório indiano que produz a vacina Covaxin
. Nele, há uma investigação sobre o Ministério da Saúde ter pago um valor maior do que o anunciado pela própria fabricante seis meses antes da assinatura do contrato
.
Já o caso da 'propina de U$ 1 por dose' foi delatada durante sessão da CPI
da Covid pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti - então representante da empresa Davati no Brasil - nas tratativas de venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca
.
Saiba Mais:
Entenda os dois casos de denúncias de propina para compra de vacinas investigados na CPI da Covid
Bolsonaro errou, também, em qual policia
militar Dominguetti é policial. Citado pelo presidente como oficial "do DF [Distrito Federal]", o rapaz na verdade é cabo da Polícia Militar de Minas Gerais.
** Eduardo Morgado é jornalista formado pela Universidade Anhembi Morumbi. Já trabalhou em agência de comunicação, mas o que curte mesmo é fazer reportagens. No iG desde fevereiro de 2021, escreve para o Último Segundo e a editoria de saúde. É especialista em produção de conteúdo por formação e em drinks, fruto do trabalho como bartender. Acredita que todo mundo tem uma história com potencial para virar filme.