O relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou nesta sexta-feira que a comissão vai continuar o trabalho de investigação, sem medo de "quarteladas". Na quarta-feira, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) comentou o envolvimento de militares em irregularidades nos fatos investigados.
O Ministério da Defesa reagiu dizendo que "as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro". Na noite de quarta, Omar se manifestou novamente dizendo que não seria intimidado.
"Vamos em frente, sem medo e investigando quem precisar ser investigado. Nós não podemos ter medo de arreganhos, de ameaças, de intimidações, de quarteladas. Vamos investigar haja o que houver. Estamos aqui apenas cumprindo um mandamento do povo brasileiro que quer saber o que aconteceu e poderia ser feito para evitar uma quantidade muito grande, mais de 300 mil vidas poderiam ter sido salvas se o governo tivesse feito sua parte", afirmou Renan, acrescentando:
"Não vamos investigar instituições militares. Longe de nós. Temos responsabilidade institucional. Agora nós vamos sim investigar o que ocorreu nos porões do Ministério da Saúde. E na medida em que esses fatos forem sendo conhecidos, que as provas forem apresentadas, vamos cobrar punição dos seus responsáveis, sejam eles civis ou militares. Não importa. O que importa é que o povo brasileiro terá uma resposta".
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Renan também citou a resposta a carta enviada por ele, por Omar e pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao presidente Jair Bolsonaro para ele dizer se o deputado Luís Miranda (DEM-DF) é mentiroso. Em uma "live", Bolsonaro respondeu ao oficio dizendo "caguei para CPI":
"Ontem nós mandamos uma carta para o presidente da República, e o país ficou estupefato com a maneira como ele respondeu esta comissão parlamentar de inquérito. A escatologia proverbial do presidente da República recende ao que ocorreu no seu governo na pandemia. Todos sentimos esses odores irrespiráveis que empestearam o Brasil e mataram tantos inocentes", afirmou o relator da CPI.
Miranda relatou à CPI que, em encontro com Bolsonaro, denunciou pressão sobre seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo, para liberar a vacina Covaxin.
Na ocasião, ele disse que o presidente mencionou o nome do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que foi ministro da Saúde quando a pasta fechou contrato com a empresa Global, que recebeu pagamento antecipado mas nunca entregou os medicamentos comprados. A Global é sócia da empresa Precisa, representante no Brasil do laboratório indiano Bharat Biotech, desenvolvedor da Covaxin.