A vereadora Tainá de Paula (PT) relatou uma abordagem violenta que sofreu da Polícia Militar (PM) na noite desta quinta-feira (27). Tainá estava em carro com o motorista e os dois assessores, todos negros . De acordo com ela, os militares chegaram em motocicletas e apontaram armas contra sua cabeça. As informações foram apuradas pelo portal G1 .
A abordagem foi na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro , próximo ao local onde a vereadora Marielle Franco foi morta em março de 2018 .
Segundo o relato, Tainá e os assessores voltavam da Câmara em um carro blindado quando uma moto passou a andar muito próxima ao veículo, piscando a seta. Na moto seriam policiais, que não se identificaram, então a vereadora decidiu não parar. No entanto, alguns metros adiante, o carro em que ela estava foi cercado por quatro motos da polícia.
"Não é possível que pessoas negras num carro blindado possa causar tanta estranheza", disse ela. "Eles saem da moto e começam a mirar com os revólveres nas nossas cabeças. Pediam para sair rápido do carro, de uma forma belicosa e nos xingando", relatou. "Meus assessores falam que eu sou vereadora, eles dizem que não conhecem Tainá de Paula e pedem para sair com a mão na cabeça e começam a revistar o porta-mala".
Tainá mencionou o ocorrido com Marielle Franco e disse ter ficado assustada com a semelhança. "A gente ficou muito abalado exatamente por causa disso, foi um lugar muito próximo. É muito dura a realidade do Rio", contou.
"Tem um tom de racismo estrutural grave nesse país e a violência foi banalizada. Espero que essas coisas não aconteçam mais". A vereadora afirmou estar preparando uma notificação, por meio de seu mandato na Câmara, ao comando da Polícia Militar.
A PM disse que vai apurar o caso e, em nota ao G1 , informou que vai aguardar ser notificada. "Diante da comunicação oficial, o comando da Corporação irá apurar as circunstâncias do fato".