Cerca de duas horas após ter seu impeachment referendado pela maioria do Tribunal Especial Misto (TEM) na tarde desta sexta-feira (30), o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse a repórteres do GLOBO, por mensagem de aplicativo, que estuda recurso contra a decisão. Eleito em 2018 com candidatura alavancada pela campanha do presidente Jair Bolsonaro, com quem depois rompeu, Witzel também disse que pretende prosseguir na carreira política.
À reportagem, Witzel se manifestou em tom semelhante ao que vem adotando nas redes sociais, citando "retaliações políticas":
— Julgamento errático por parte dos magistrados e sem observância à jurisprudência dos tribunais superiores. As manifestações dos deputados foram retaliações políticas pela derrota nas urnas. Uma grande perda para a democracia — disse.
Ele também negou ter recebido qualquer contato por parte de Claudio Castro:
— Não posso, em razão de sermos investigados em ações penais.
Você viu?
No dia de seu julgamento, Witzel preferiu se manifestar apenas virtualmente: acompanhou todo o rito de sua casa, no Grajaú, na Zona Norte, e se limitou a desferir críticas contra o tribunal pelo Twitter. Pouco mais de uma hora depois que o TEM formou maioria para impedir seu mandato, o ex-juiz federal disse, pela rede social, ter sido vítima de um golpe. Inflamado, ele chegou a comparar o TEM ao Estado Islâmico.
"É revoltante o resultado do processo de impeachment! A norma processual e a técnica nunca estiveram presentes. Não fui submetido a um Tribunal de um Estado de Direito, mas sim a um Tribunal Inquisitório. Com direito a um carrasco nos moldes do Estado Islâmico, que não mostrou o rosto", escreveu ele no Twitter, em alusão a Edmar Santos, seu ex-secretário de Saúde.
"O delator que escondia R$ 10 milhões no colchão virou herói neste Tribunal, e a única prova para o golpe! Todo Tribunal Inquisitório é unânime. Hoje não sou eu que sou cassado, é o Estado Democrático de Direito!", completou.