Em sete dias, pelo menos 13 agências bancárias e uma instituição financeira foram atacadas em quatro estados pelo chamado ‘ novo cangaço ’. O caso mais recente aconteceu em Ubaíra (BA) na última sexta-feira (16), quando criminosos trocaram tiros com a polícia, mantiveram reféns e fugiram com o dinheiro roubado.
O G1 consultou autoridades públicas e especialistas em segurança pública para revelar o ‘modus operandi’ dos criminosos que reproduzem uma prática comum durante a década de 1930. O bando de Lampião aterrorizou o interior da região Nordeste com saques e ataques-surpresa marcados pela brutalidade.
Apesar do registro do uso de armas do Exército Brasileiro , o armamento dos criminosos envolvidos no ‘ novo cangaço ’ é contrabandeado de fora do Brasil. Pistolas, fuzis e submetralhadoras trazidas do Paraguai são as favoritas dos envolvidos.
De acordo com o advogado Bruno Langeani, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, o maior fornecedor internacional das facções criminosas está nos Estados Unidos. O armamento é importado desmontado para o Paraguai, e em seguida ultrapassa a fronteira para o Brasil com traficantes.
Também é normal que armas e munições sejam enviadas de avião diretamente dos Estados Unidos para o Brasil . Apesar de também ser uma hipótese, a entrada por portos não é comum.
Policiais corruptos e funcionários de empresas de armamento também são apontados como responsáveis pelo fornecimento. Ouvido pelo G1, o professor de sociologia da Universidade Federal de São Carlos, Gabriel de Santis Feltran, afirma que a maior apreensão de fuzis da história do Brasil foi feita em redes de policiais corruptos .
O poder bélico do ‘ novo cangaço ’ chama atenção. O assalto realizado no ano passado em Criciúma (SC) contou até com lança-foguetes , armamento antitanque utilizado em guerras. O grupo formado por 30 criminosos fugiu com cerca de R$ 80 milhões.
Além do armamento militar, a organização do maior assalto da história de Santa Catarina contou com veículos de luxo blindados, caminhões e até dinheiro jogado na rua de propósito. Segundo a polícia local, cerca de R$ 800 mil foram recolhidos por moradores nas ruas.
A polícia alega que o assalto de Criciúma foi planejado durante meses. Reféns alegam que, pelo sotaque, os criminosos não pareciam ser de Santa Catarina. Entre os 14 suspeitos que foram presos, a maioria era de São Paulo.