Jairinho é um dos suspeitos pela morte do menino Henry Borel, de 4 anos
Foto: Renan Olaz/CMRJ
Jairinho é um dos suspeitos pela morte do menino Henry Borel, de 4 anos

Morando em uma província no Sul da Itália, a dona de casa Valéria Batalha diz lembrar com detalhes a rotina da família de Debora Mello Saraiva durante os seis anos em que trabalhou como empregada doméstica na casa de praia deles, em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense.

Era na residência de 17 cômodos que todos se reuniam para passar as férias de verão e de inverno, os feriados prolongados e outras datas comemorativas. No início de 2015, a ex-funcionária diz ter notado uma mudança drástica de comportamento em uma das crianças que ajudava a cuidar: o filho da estudante, à época com 3 anos.

Nesse período, Debora estava no início do relacionamento com o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), que conheceu na Câmara dos Vereadores.

Nesta sexta-feira, dia 16, durante quatro horas, a moça narrou ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca) os episódios de violência que sofreu por parte do parlamentar - foram tantos, que, segundo não é “capaz de contabilizar”. Ela retificou a primeira declaração prestada na delegacia, em que negava agressões a ela e ao filho.

- Ele (o menino) sempre foi uma criança feliz, alegre, brincalhona. De repente, passou a ter pesadelos diariamente, até depois de cochilar no sofá a tarde acordava aos berros. Também começou a ficar grudado na avó e chorava quando ela saía ou ia ao banheiro. Percebi ali que havia algo de muito errado acontecendo e que ele vinha sendo agredido por Jairinho, que namorava sua mãe - conta Valéria, em entrevista ao EXTRA/Globo.

A dona de casa diz ter tido conhecimento de quatro episódios de agressões por parte de Jairinho, ter presenciado o menino mancando, com diversos hematomas em suas pernas e costas, e reclamando de dores:

Você viu?

- Passei a ficar mais atenta com tudo e, ao dar banho, notei as manchas roxas espalhadas, sobretudo perto da bacia. Soube de uma internação que ele teve por mais de uma semana. Ao receber a foto, com o menino com o rostinho todo roxo e os olhinhos fechados, tive certeza de que ele foi agredido na cabeça. Chorei muito na hora. Hoje, tenho certeza de que ele poderia ter tido o mesmo fim de Henry.

No depoimento prestado ontem, Debora relatou que, segundo o menino, atualmente com 8 anos, em 2015, quando ela estava dormindo, Jairinho colocou em sua boca um papel e um pano e disse que ele não poderia engolir. Ele teria deitado a criança no sofá da sala, ficado em pé no sofá e apoiado todo o peso do seu corpo nele com o pé.

A estudante disse que seu filho afirmou ter conseguido correr e tentado acorda-la, no quarto, mas ela estaria dopada. Jairinho foi atrás do menino, lhe levou para o estacionamento, colocou um saco plástico em sua cabeça e ficou dando voltas com o carro. A mãe dela teria visto um pó branco na taça que ela havia bebido água e refrigerante na noite anterior.

Em outro episódio, o vereador teria levado o filho de Debora sozinho a uma casa de festas. “Deixa eu levar ele. Porque a Ana não deixa eu levar o meu o meu filho, não deixa eu ver o meu filho. Deixa eu levar o seu, eu que cuido, eu que sou o pai. Só quero leva-lo para se divertir”, teria dito o parlamentar. Pouco tempo depois, ele ligou dizendo que o menino havia torcido o joelho. Levado a uma clínica particular na Barra, foi diagnosticado uma fratura do fêmur. Ela diz ter estranhado o fato de a criança não ter chorado em nenhum momento, mesmo diante de uma lesão grave.

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