As muitas selfies feitas com celular pela professora Monique Medeiros, de 32 anos, sempre causaram incômodo ao ex-marido, o engenheiro Leniel Borel, de 37. Mesmo nas fotos junto com o filho do casal, Henry, de 4 anos, morto no dia 8 de março, ele estava sempre em segundo plano. Com a prisão do médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), e de Monique, Leniel passou a perceber que os pequenos detalhes daquela rotina narcísica diziam muita coisa sobre a personalidade da ex-mulher: “Em dez anos de casamento, era ela sempre na frente e todo o resto para trás”. Em entrevista ao GLOBO, Leniel faz revelações sobre como era o convívio entre os dois durante uma década.
Como conheceu Monique?
Em abril de 2011, quando estava fazendo um curso de especialização na Marinha, a conheci na festa de um amigo em comum. Pouco tempo depois, estávamos morando juntos, e nos casamos em dezembro do ano seguinte. Em 7 de setembro de 2015, Henry foi feito. Nasceu em 3 de maio de 2016.
Monique queria ter filhos?
Num primeiro momento, ele teve um baque ao saber que estava grávida. Ela tinha feito uma lipoaspiração e colocado silicone. Estava com o corpo legal. Aí eu falei: “Monique, vamos ter, vai ser lindo”. Casei para ter filhos. Tivemos aquele momento de reflexão, estive desempregado em 2015, mas para mim estava sendo perfeito ter o meu primeiro filho.
Como foi a gravidez?
Eu sempre quis um irmão para o Henry. Ela sempre era contra, porque a gravidez dela foi muito tumultuada por causa dos casos de chicungunha na época. Muitas criança nascendo com malformação, microcefalia. Ela teve que usar muito repelente. A gente morou um tempo com os pais dela, em Bangu. Eu tive que protegê-la. Então foi uma gravidez puxada por conta desse cenário negativo. Ela só falava: “Não quero ter outro filho. Só eu sei como sofri”. De fato, ela vomitou muito, mal-estar sempre. A gravidez não foi agradável
Henry foi desejado pelo casal?
Henry sempre foi muito desejado por mim. Uma ultra que ela fez mostrou que o parto deveria ser antecipado em duas semanas. Ele nasceu bem branquinho, com 2,5 quilos, era bem pequenininho, mas depois ganhou peso, menino lindo. Como foi o primeiro filho, ela teve muita dificuldade para amamentar. Acho que deve ser difícil mesmo. Mas curtiu ele também.
O que causou o desgaste na relação?
Foram diversas coisas. A distância foi uma delas. Quando eu a conheci, trabalhava embarcado: 21 dias fora, 21 em casa. Trabalhei em Macaé, no Estado do Rio; e em Aracruz, no interior do Espírito Santo. O melhor momento da minha vida, por incrível que pareça, foi durante a pandemia, porque eu pude ficar desde março do ano passado em casa. Era um tempo que eu nunca tinha vivido com eles. Para mim, estava ótimo. Eu trabalhava em casa, ficava com a Monique e meu filho em tempo integral. Para ela, não sei. Não gostava de ficar em casa. Sempre foi muito consumista, gastava muito. Também era muito ligada à beleza, ao corpo. Só veste roupas de grife, usa joias. Era preocupada em ter as coisas. Eu, como marido, posso ter errado ao tentar dar tudo para ela e não colocar um freio.
Acha que ela teve um caso com Jairinho enquanto estavam casados?
Eu só fui saber que eles estavam juntos em novembro do ano passado. Fui pegar o Henry para passar um fim de semana comigo e ela disse que iria para Petrópolis com as amigas. A gente já estava separado. Aí, uma amiga em comum me mandou uma foto da Monique com Jairinho. Eu disse: “Legal que ela esteja com alguém”. Não sabia quem era Jairinho.
De acordo com as conversas recuperadas pela polícia no celular da Monique, ela sabia das agressões ao Henry. Por que ela teria escondido isso de você?
Pois é. Por que ela não falou comigo? Podia ter sumido com o Henry enquanto ela investigava, conhecia ele melhor. Se ela tinha essa dúvida, como é que, como mãe, permitia que Jairinho continuasse a conviver com o nosso filho?
Tem algum palpite para ela não ter feito nada a respeito?
A ganância é muito clara para mim. Ela trocou a vida que tinha numa casa em Bangu para ir para um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Passou a ter um bom emprego (no Tribunal de Contas do Município). Imagino que o que a gente tinha não era muito bom para ela. A Monique queria muito mais. Eu dei carro, dei cartão de crédito. Dei tanta coisa para Monique nessa vida.
Você acha que ela pôs o filho em risco pelo luxo?
Está muito claro para todo mundo que a Monique sempre quis um pouco mais. Esse lado narcisista dela aparece nas fotos que fazia. Ela sempre aparece na frente, Henry atrás. Eu sempre estava em último plano. Em dez anos de casamento, era ela sempre na frente e todo o resto para trás.
Segundo as trocas de mensagens com a babá, ela teria pensado em instalar uma microcâmera no apartamento do casal para flagrar as agressões.
A Monique falou para mim que tinha uma câmera no quarto. Ela teve oportunidade para me contar. Poderia ter ajudado. Como é que ela vai dormir ao lado de alguém que matou o filho dela?
Você se ressente de não ter feito algo de imediato?
Como eu iria imaginar que algo assim fosse acontecer. Que havia pessoas assim tão más. Um psicopata, instruído, nível superior. Me apresentaram Jairinho como médico, um vereador, não como uma pessoa esclarecida que gosta de machucar, bater numa criança.
Você criou uma conta no Instagram para postar fotos do Henry. Isso alivia a dor?
Quando meu filho morreu, queria perpetuar a memória dele. Sempre tirei muitas fotos dele, só dele. Fotos lindas! Pensei: “Minha vida acabou!” Não tinha mais vontade de fazer nada, porque o meu bem maior, o meu príncipe, o amor da minha vida tinha ido embora. As fotos me ajudam a mantê-lo vivo.