Preso durante a investigação da morte de Henry Borel , o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) ainda terá direito a manter seu gabinete com salário e assessores remunerados pelos próximos 30 dias. A previsão de manutenção das vantagens é prevista no Regimento Interno da Câmara do Rio.
Caso continue preso, Jairinho terá o mandato suspenso a partir do 31º dia, sem possibilidade de pedir licença do cargo. De acordo com vereadores, dois dias antes de ser preso, o médico, em seu terceiro mandato, chegou a discutir com colegas a possibilidade de pedir licença do cargo. O motivo alegado seria preparar melhor sua defesa, mas era uma estratégia para tentar evitar o início da contagem do prazo de 120 dias caso fosse preso. "Mas não deu tempo dele seguir adiante com a ideia", contou um vereador próximo a Jairinho.
Jairinho só perderia o mandato de vereador caso não consiga retornar no prazo de 120 dias, sendo cassado por faltas. Somente passado esse prazo, seria convocado o suplente. Há um precedente na Câmara: o primeiro cassado por faltas foi Cristiano Girão, acusado de envolvimento com milícias em Gardênia Azul, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
O suplente de Jairinho — Marcelo Diniz Anastácio, que é presidente da associação de moradores da Muzema — só tomaria posse passados esses 120 dias. Em 2019, quando dois prédios da comunidade na Zona Oeste construídos pela milícia caíram, a associação foi investigada porque havia a suspeita de que funcionaria como imobiliária da milícia.
Participação no Conselho de Ética
O Conselho de Ética da Câmara do Rio vai oficializar em reunião no início da noite desta quinta-feira o afastamento de Dr. Jairinho do grupo. A informação é do presidente da comissão, Alexandre Iesquerdo (Democratas). "O regimento já prevê o afastamento automático no caso de prisão. Mas tem que ser oficializado pela comissão", disse Iesquerdo, que tem uma reunião ao longo do dia com a procuradoria jurídica da Casa para discutir o caso do colega.
Se for afastado, o seu suplente no conselho é o vereador Luiz Ramos Filho (PMN). Jairinho foi eleito para o conselho no dia 11 de março, três dias depois da morte de Henry. Iesquerdo diz que naquele momento os colegas não sabiam das suspeitas contra o vereador.
"Ele inclusive participou e votou em sessão por teleconferência numa sessão híbrida (por causa da pandemia do Covid). Se os fatos se confirmarem, ninguém imaginava", contou Iesquerdo, que convive com Jairinho há nove anos no legislativo municipal.
A vereadora Teresa Bergher ( Cidadania ),uma das fundadoras do conselho, também se surpreendeu com a prisão: "tem muita coisa a ser esclarecida. Mas o que foi relatado é chocante e extremamente grave. Ninguém imagina que ele pudesse cometer essa monstruosidade se os fatos se confirmarem".