Imagina ser vítima duas vezes de assaltantes em pouco menos de cinco horas e perder duas motocicletas. Foi o que aconteceu com o porteiro desempregado João Gilberto Firmino, de 51 anos, em São Gonçalo , na Região Metropolitana do Rio de Janeiro , no último domingo (7).
Por volta das 20h daquele dia, ele e uma amiga voltavam de um passeio em Teresópolis, na Região Serrana, e seguiam pela RJ-104, na altura do bairro Laranjal, em São Gonçalo, quando foram vítimas de um assalto . O crime aconteceu quando João reduziu a marcha para passar em um radar. Naquela ocasião, dois assaltantes em uma moto abordaram as vítimas. Com uma pistola na cabeça, João entregou a Bros e ficou a pé. O que ele não imaginava era que horas depois — quando tentava recuperar o prejuízo, já que a motocicleta em que ele estava era de um amigo — seria assaltado novamente.
"Quando eu cheguei no Laranjal tinha um radar. Reduzi para passar. Em seguida dois caras apareceram, apontando a pistola para a minha cabeça e levaram tudo. Minha amiga ficou desesperada, mas já não tinha o que fazer. O motorista de uma van que passava, e viu tudo, nos levou até uma viatura do BPRV (Batalhão de Polícia Rodoviária). Os PMs foram atrás, mas já era tarde", lembra João Gilberto.
Morador do Morro do Castro, em São Gonçalo , João seguiu até a 74ª DP (Alcântara) e registrou o boletim de ocorrência. Após informar à Polícia Civil que havia sido vítima de roubo, e que a moto era de um amigo, o desempregado percorreu por 12 quilômetros até onde mora. Em casa, ele decidiu que tentaria recuperar o veículo roubado.
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Na tentativa de rever o prejuízo, João pegou sua moto , uma outra Bros, e foi até a comunidade Santa Luzia onde ele imaginava que a motocicleta do amigo estava: "fui tentar desenrolar. Eu estou desempregado e não tenho condições de pagar. Rodei tudo lá e nada. Como eu estava cansado decidi voltar para casa".
Mas, novamente, o homem foi vítima de um segundo assalto, a quase 21 quilômetros de distância. Desta vez, o crime aconteceu por volta das 1h, quase cinco horas após o primeiro crime .
"Quando eu estava perto do UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Santa Luiza, outros dois caras vieram e fizeram a mesma coisa. Colocaram a arma na minha cabeça, começaram a gritar ‘perdeu, perdeu, perdeu’ e levaram. Essa segunda moto era minha, mas eu não estava andando nela porque os documentos estão atrasados. Agora, estou com dois prejuízos. Eu só queria resgatar a primeira", relata o porteiro . Desempregado há mais de um ano, ele diz que a sensação é de “tristeza e frustração”.
Nesta quarta-feira, o desempregado recebeu a informação que dois criminosos — que poderiam ser os que o assaltaram na primeira vez — tinham sido baleados e estavam internados em um hospital de São Gonçalo. O homem então resolveu ir até a 74ª DP para fazer o reconhecimento dos suspeitos. No entanto, ao chegar à unidade policial teria sido impedido de reconhecer os supostos criminosos: "sequer quiseram me atender. Disseram apenas que, se eu quisesse mais informações, era para eu voltar no dia do plantão de quem me atendeu".
O delegado Lauro César Lethier Rangel, titular da 74ª DP, afirmou que está acompanhando o caso o que aconteceu com o porteiro João Gilberto. Rangel classificou como “uma situação lamentável e inadmissível” e disse que o “local onde o crime aconteceu é cercado de comunidades e que já existem investigações contra uma quadrilha que tem atuado na região”.
"Já temos uma linha de investigação. Percebemos que houve um aumento de roubo de veículos ali na RJ-104, principalmente entre os bairros Laranjal e Vista Alegre. Nessa região existe um radar de 50KMs e quando as pessoas reduzem, eles (os criminosos) aproveitam para assaltar. Estamos de olho nesse bando e já estamos identificando cada um deles. Todos eles serão presos", garante o delegado.