Chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro questiona vacinas e critica lockdown
Beto Barata / Agência Senado
Chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro questiona vacinas e critica lockdown

O chefe de gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Miguel Ângelo Braga Grillo, causou polêmica em um grupo de WhatsApp de servidores do Senado criticando medidas de "lockdown" e questionando a eficácia das vacinas contra a Covid-19. Em suas postagens, ele se comprometeu a defender o presidente Jair Bolsonaro.

Ele ironiza aqueles que são favoráveis ao "lockdown", medida com comprovada eficácia para reduzir casos de Covid: "Sou a favor do lockdown, mas como gosto de minha casa, minha rua, meu bairro e minha cidade limpos, os lixeiros que se exponham e, se necessário, segundo minha convicção, que arrisquem suas vidas", escreveu no início de um texto.

Depois, ainda no mesmo texto, defendeu o suposto "tratamento precoce" contra Covid-19, nome dado a um coquetel de remédios cuja eficácia não é comprovada. E afirmou ainda que a eficácia das vacinas contra coronavírus é equivalente à desses remédios, o que não é verdadeiro.

"Por critério de isonomia, passo a considerar justo dividir minhas opiniões neste grupo. Afinal, quase tudo quanto à COVID-19 é nebuloso. Se a cloroquina ou a hidroxicloroquina não se reveste de comprovação ou respaldo científico sobre sua eficácia, o mesmo pode ser dito sobre as vacinas - as quais não ensejam a certeza de não serão repetidos desastres como o da talidomida."

"O lockdown, igualmente, é discutido mundialmente, mas aqui insistimos em torná-lo algo totalmente eficaz, quando sequer discutimos o tratamento precoce e a oportunidade de dar maiores opções a quem enfrenta essa terrível doença."

O texto foi enviado após alguém compartilhar uma notícia em que Bolsonaro dizia que "seu Exército" não iria obrigar as pessoas a ficar em "lockdown". Ele vem criticando restrições ao comércio impostas por governadores que, na realidade, são menos duras do que o "lockdown" que se praticou em alguns países do mundo para conter a pandemia.

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O grupo é composto de chefes de gabinete de diversos senadores. Após as postagens de Braga Grillo, a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, pediu que os membros se concentrassem em assuntos "de caráter administrativo e funcional". A discussão continuou mesmo depois do aviso.

"Doravante, a cada postagem que contenha opiniões sobre o governo ou o PR, ou sobre ações de governo, farei o encaminhamento de postagens que demonstrem a existência de opiniões divergentes - e não fiz isso hoje ainda! Venho, há tempos, sendo respeitoso, mas fica difícil. Espero que as palavras da Diretora sejam seguidas e que o grupo deixe de ser um grupo de militância."

Braga Grillo foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro junto a Flávio no esquema das "rachadinhas". Promotores o acusam de ter uma “atuação determinante” no chamado "núcleo operacional" do esquema. Atualmente, ele recebe um salário de R$22,9 mil no Senado.

Procurado, Braga Grillo não respondeu ao contato da reportagem.

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