A Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNSGI) informou nesta terça-feira, dia 2, que o prontuário médico de Arilson Santiago Pinto, de 21 anos, morto por bala perdida no último domingo em São Gonçalo, não apontou fragmentos de projétil no corpo da vítima.
O laudo inicial foi disponibilizado pelo Hospital Estadual Alberto Torres, unidade em que o frentista foi socorrido. No entanto, apenas relatório detalhado do Instituto Médico-Legal (IML) poderá comprovar quantos tiros acertaram o jovem e de onde partiram.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Mário Lamblet, o prontuário de atendimento do hospital apontava apenas que o frentista apresentava uma ferida abdominal, mas não identificou a origem. Dois amigos que trabalhavam no mesmo posto de gasolina e estavam no carro com Arilson no momento do crime relataram à polícia que apenas um tiro atingiu a vítima. Todas as informações foram encaminhadas para o IML.
As armas dos policiais militares que estavam próximos ao local no momento do crime também já foram recolhidas e serão periciadas. O laudo que vai alegar se os disparos partiram ou não dos agentes fica pronto em até 30 dias.
"Temos que esperar o laudo do IML, do carro e das armas dos policiais, mas pela posição em que a vítima estava, dá a impressão que a bala partiu do local em que os policiais estavam. No entanto, ainda não é possível afirmar, só através dos exames periciais que já foram providenciados", explicou o delegado.
Até o momento, além dos PMs, os dois colegas de trabalho do frentista já prestaram depoimentos. Nos próximos dias, familiares e pessoas da localidade em que ocorreu o crime também serão interrogadas pela polícia para levantar pistas sobre o caso.
Para auxiliar as investigações, no próprio dia do crime policiais recolheram câmeras de segurança da redondeza, que possam ter filmado a ação. Elas estão em análise, mas ainda não foi possível obter provas do crime.
Baleado a caminho do trabalho
Arilson Santiago Pinto, de 21 anos, morreu na manhã deste domingo, dia 28, após ter sido baleado quando ia de carro ao trabalho, em Tribobó, São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. O jovem, que deixou a esposa grávida, de cinco meses, foi sepultado na tarde desta segunda-feira, dia 1º, no Cemitério Parque Nictheroy, no Laranjal, em São Gonçalo.
O pai do frentista, Aristides Pinto, reforçou a versão de parentes e moradores de que os tiros foram disparados por policiais militares que estariam na área. De acordo com ele, Arilson foi atingido por volta das 5h da manhã, ao lado de um gerente do estabelecimento e de um outro amigo de trabalho. O socorro ao jovem foi feito pelos próprios amigos.
Um vídeo registrado por câmera de segurança do momento em que os disparos foram efetuados contra o veículo onde Arilson estava, na altura da Rua Dalva Raposo, também foi publicado nas redes sociais. Nele, é possível observar homens com farda semelhante à da Polícia Militar.
O GLOBO questionou a Polícia Militar sobre as acusações feitas por parentes e moradores e se de fato havia a presença de policiais na comunidade Palha Seca, em Tribobó, no momento em que Arilson foi baleado e morto. De acordo com a PM, policiais do 7º BPM (São Gonçalo) disseram que, quando estavam em policiamento ostensivo pela Rua Dalva Raposo, no bairro de Tribobó, na manhã do último domingo, a equipe foi atacada por disparos de arma de fogo efetuados por criminosos locais.
"Houve confronto, e os marginais fugiram", diz a nota, acrescentando que, posteriormente, a unidade foi informada sobre a entrada de um homem ferido no Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, que não resistiu.