O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso disse, em entrevista ao historiador Marco Antônio Villa , que "eventuais excessos" cometidos pela Operação Lava-Jato não podem desviar o foco do combate a uma "corrupção sistêmica" que existe no Brasil.
Barroso disse está em curso uma "operação abafa", composta por uma aliança de todos os setores, para anular as ações de combate à corrupção.
"Não é esse o ponto, alguém ter dito uma frase inconveniente ou não. É que estão usando esse fundamento pra tentar destruir tudo que foi feito, como se não tivesse havido corrupção. O problema do Brasil foi a Lava-Jato e os seus eventuais excessos, não foi a corrupção", ironizou.
Para defender a força-tarefa, o ministro lembrou o caso de um ex-gerente da Petrobras que devolveu mais de R$ 100 milhões de propina desviada dos cofres da estatal e da apreensão de R$ 51 milhões em dinheiro vivo em um apartamento ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB).
"É claro que se tiver um excesso, ele deve ser objeto de atenção. Mas é preciso não perder o foco. O problema não é ter tido exagero aqui ou ali. O problema é esta corrupção estrutural, sistêmica, institucionalizada, que não começou com uma pessoa ou um partido, vem de um processo acumulativo que um dia transbordou. E o que a gente assiste hoje é a tentativa de sequestrar a narrativa como se isso não tivesse acontecido (...) O Brasil está polarizado de norte a sul, só há um consenso: varrer a corrupção pra baixo do tapete — concluiu.