O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira (17) que a d ecisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar o poder público a impor sanções a quem não tomar a vacina contra a Covid-19 pode ter sido "uma medida inócua", porque o governo não tem como imunizar todos até o fim do ano que vem. Desta forma, quem eventualmente poderia ser atingido por medidas restritivas não teria como ser punido, por falta de acesso à vacina.
"Tomou uma medida antecipada, nem vacina tem, não vai ter pra todo mundo", declarou Bolsonaro, durante transmissão ao vivo na internet . "O que o Supremo decidiu? Se você não quiser tomar vacina, eu, o presidente da República, os governadores ou prefeitos podem impor medidas restritivas a você, [...] não pode tirar passaporte, carteira de habilitação, pode botar em prisão domiciliar, olha que lindo...", comentou, ao explicar a decisão para apoiadores na live.
O presidente destacou que o único voto vencido no julgamento foi o do ministro Kassio Nunes Marques , o único indicado por ele na atual composição da Corte. Ele votou para que apenas o governo federal tenha a possibilidade de impor as sanções: "nada mais justo. Quando se fala em vacinação e saúde, tem que ter uma hierarquia".
Bolsonaro então apontou que haverá novos prefeitos assumindo seus cargos no mês que vem e, como "a vacina não vai estar pronta em dezembro", caberá a eles a decisão sobre a vacinação. Na sequência, reclamou de quem reelegeu prefeitos que adotaram medidas restritivas contra a pandemia do novo coronavírus, citando o de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).
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"Você reelegeu o cara, ele fechou tudo. Qual vai ser a atitude dele agora? Não sei. Mas você que escolheu ele. Então se ele fechar e impor [sic] medida restritiva, problema é teu. Você não votou nele? Não é assim a democracia?", afirmou.
Ele reforçou que o Supremo não mandou impor medidas restritivas e disse que, da sua parte, "zero". Em seguida, disse duvidar que elas serão adotadas por todos os governadores, mas não quis "botar a mão no fogo por ninguém".
"Eu acho difícil, não acredito. Os governadores vão falar assim: "quem não tomar vacina...". Se bem que não vai chegar de uma hora pra outra. Não vai ter. O ano que vem, dificilmente, vamos supor que comece no final de janeiro, não temos como conseguir a vacina pra todo mundo até o final do ano. Então não vai ter medida restritiva nenhuma. O cara pode falar: "eu quero tomar, mas não tem". Pode ser uma medida inócua do Supremo. Com todo o respeito ao Supremo Tribunal Federal, entrou em uma bola dividida, meu Deus do céu, não precisava disso. Não precisava disso", argumentou.
Ao justificar porque não concorda com a obrigatoriedade da vacinação, Bolsonaro comparou a situação com a de alguém que pega uma bula e vê escrito que "o fabricante não se responsabiliza por efeito colateral": "vou obrigar tomar a vacina com isso escrito lá? Eu tenho responsabilidade. Se tem efeito colateral, quem vai se responsabilizar por essa pessoa?".