A Organização das Nações Unidas ( ONU ) disse nesta terça-feira (24) que o espancamento que levou a morte de João Alberto em Porto Alegre é um exemplo do "racismo estrutural" do Brasil e pediu uma investigação independente, bem como reformas urgentes.
Ravina Shamdasani, porta-voz do escritório de direitos humanos
da ONU, disse a repórteres durante uma coletiva virtual de Genebra que a morte de João Alberto foi "um exemplo extremo
, mas infelizmente muito comum, da violência sofrida pelos negros no Brasil
".
"Isso oferece um retrato claro da persistente discriminação estrutural e racismo que os afrodescendentes enfrentam ", disse ela, insistindo que o governo brasileiro têm a responsabilidade de reconhecer o problema do racismo persistente para resolvê-lo.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou o racismo estrutural no Brasil , onde cerca de 55% da população de 212 milhões de pessoas se identifica como negra.
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Bolsonaro disse que ele próprio é "daltônico" nessa questão, enquanto seu vice-presidente, Hamilton Mourão, provocou indignação na última sexta-feira ao garantir que "não há racismo" no Brasil.
Segundo a porta-voz da ONU, “o racismo estrutural , a discriminação e a violência enfrentada pelos afrodescendentes no Brasil são documentados por dados oficiais ”.
Ravina Shamdasani citou estatísticas que mostram que "o número de vítimas de homicídio afro-brasileiras é desproporcionalmente maior do que outros grupos".
"Os negros brasileiros sofrem de racismo estrutural e institucional, exclusão, marginalização e violência, com, em muitos casos, consequências letais", afirmou.
Embora o Brasil tenha aberto uma investigação sobre a morte de Freitas, Shamdasani pediu que fosse "rápida, completa, independente, imparcial e transparente " e insistiu que deveria "ser examinado se o preconceito racial desempenhou um papel" em sua morte.