Um advogado morador da capital paulista precisou participar de uma audiência diretamente do hospital onde estava internado com suspeita de Covid-19. O criminalista Flávio Grossi, que é asmático e possui outras comorbidades, teve o seu pedido de adiamento da sessão negado pelo juiz.
O caso chamou atenção da Ordem Brasileira dos Advogados, que se manifestou e afirmou, em nota, que a obrigação ofende a dignidade da pessoa.
Foi de extrema desumanidade a decisão de realizar uma audiência com o advogado respirando por aparelhos em um leito hospitalar", diz a nota. A OAB-SP instaurou um procedimento para apurar a condita do juiz José Álvaro Machado Marques, que negou o pedido do advogado.
Grossi deu entrada no pronto-atendimento do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, na madrugada do domingo (8), com lesões em ambos os pulmões. Após ser internado, ele enviou um pedido para que o juiz adiasse a audiência.
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A resposta, porém, foi um e-mail do assistente do juiz José Álvaro Machad, informando que audiência estava mantida para o dia 11 de novembro. A justificativa seria que "audiências virtuais demandam diversos esforços".
"Poxa, estou com lesão nos pulmões, usando catéter, e isso não é motivo de força maior? Me pergunto o que seria suficiente então para adiar uma audiência. Achei muita falta de respeito ele indeferir", disse o advogado ao G1.
Em entrevista ao G1, Grossi conta que decidiu participar da audiência, mesmo hospitalizado, pois seria a primeira vez que ele poderia confrontar o réu diretament com seus questionamentos e última oportunidade antes do parecer do juiz sobre o caso.
O caso tornou réu um sagento da Polícia Militar após uma dispersão violenta de bloco de carnaval, no dia 7 de março. O episódio conta com um vídeo que mostra quando o PM ameaça vítimas, afirmando que "não tem cerimônia em quebrar a cara de mulher".