O motorista José Gabriel Rodrigues Santos, de 68 anos, que há mais de 40 anos trabalha no transporte de insumos médicos no Hospital Federal de Bonsucesso , conta que quase se tornou vítima do incêndio que atingiu o local na terça-feira.
De acordo com Santos, por volta de 9h, ele apertou o botão do elevador que o levaria para o subsolo da unidade. Logo em seguida, recebeu uma ligação telefônica de um colega de trabalho avisando que chamas começavam a se espalhar pelo local. Na mesma hora, ele correu para tentar ajudar os pacientes internados e conseguiu retirar 12 pessoas do edifício.
"Naquele momento, todo mundo parceria que era parente. O objetivo era salvar as vidas. Eu, há 40 anos no hospital, nunca passei por isso. Eu fui salvo por um amigo e tive a obrigação de salvar outras pessoas. A gente ia improvisando como dava. De maca, cadeiras de rodas e até lençóis", lembrou o motorista, emocionado.
Pai de dois filhos, o motorista que vive em Imbariê, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, faria na terça-feira a entrega de material de patologia clínica na unidade. Segundo ele, num primeiro momento, funcionários chegaram a pensar que a situação seria uma simulação.
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Num primeiro momento, as pessoas pensaram que fosse alguma simulação. No entanto, a fumaça foi generalizada. Quando vimos a correria e a gritaria, ficamos desesperados. Um dos pacientes que eu consegui ajudar a carregar havia acabado de passar por uma cirurgia e estava com a barriga aberta — contou Santos, acrescentando que “a rapidez e a agilidade dos profissionais”, fez com que muitas vidas fossem salvas — O nosso maior medo era que as pessoas morressem — completa.
Defesa Civil e PF aguardam fim do rescaldo
Técnicos da Defesa Civil devem realizar uma inspeção no hospital após a liberação pelo Corpo de Bombeiros, que segue há mais de 24 horas trabalhando no rescaldo. O órgão isolou a área do incêndio e os acessos ao hospital ainda na terça-feira, e dá suporte ao trabalho dos bombeiros.
A investigação do caso ficará a cargo da Polícia Federal (PF). A apuração ainda não começou porque os agentes também aguardam o fim do trabalho dos Bombeiros e o aval da Defesa Civil para entrar no edifício.
Ao todo, três pacientes morreram. São eles: Marco Paulo Luiz, Núbia Rodrigues e uma idosa de 83 anos. Nenhum dos três corpos passou por exames de necropsia no Instituto Médico-Legal (IML) no Centro do Rio. Todos foram liberados do Hospital Federal de Bonsucesso para seus familiares.