O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello , afirmou nesta quarta-feira a integrantes do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que houve uma subnotificação "absurda" no país em razão do protocolo inicial da pasta para a Covid-19, que orientava a população a procurar atendimento médico só quando sentisse sintomas graves, como falta de ar. A informação foi divulgada em texto oficial do CNS após reunião com Pazuello.
A recomendação inicial adotada pela gestão de Luiz Henrique Mandetta tinha o objetivo de evitar que hospitais e postos de saúde se tornassem pontos de proliferação do novo coronavírus, tendo em vista que a maior parte dos sintomas da Covid-19 são semelhantes a um gripe. Seria, na avaliação da equipe dele, desnecessário correr à rede saúde por qualquer sinal.
Sob a gestão de Pazuello, o ministério mudou a diretriz para que a população procure a rede de saúde a qualquer sintomar de Covid-19, mesmo que seja leve. Ele criticou a orientação inicial. "Isso foi um grande tiro no pé. A subnotificação foi absurda", afirmou Pazuello, segundo comunicado oficial do Conselho Nacional de Saúde, ao explicar os motivos de modificar a orientação aos conselheiros.
O Ministério da Saúde foi procurado para saber em quais dados o ministro se baseou para chegar à conclusão de que houve uma elevada subnotificação e qual a estimativa da pasta de quantos casos ou mortes deixaram de ser registrados em função da diretriz anterior. Até o momento, não houve resposta.
Ainda segundo o CNS, Pazuello apoiou a posição da entidade sobre o orçamento da pasta no ano que vem. "Precisamos que o orçamento emergencial da pandemia seja mantido no próximo ano. Estamos aqui para reafirmar que precisamos fortalecer o SUS e o orçamento do Ministério da Saúde", disse Fernando Pigatto, presidente do CNS, ao falar de R$ 35 bilhões que o SUS pode perder em 2021, caso o projeto de lei enviado pelo governo seja aprovado.
Pazuello, ainda de acordo com o CNS, concordou com a posição de Pigatto. "Temos a posição de preservar ao máximo o recursos (emergenciais para o SUS) em 2021. Sabemos que a pandemia terá impacto nos próximos anos", disse o ministro.