Cemitério do Caju, no Rio
Gabriel Monteiro/Agência O Globo
Cemitério do Caju, no Rio

Um levantamento do grupo Covid-19 Analytics, formado por professores da PUC-Rio e da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que se o Rio fosse um país, ao compará-lo com nações que estão o mesmo período de enfrentamento da pandemia, o estado ficaria em segundo lugar no número de mortes por milhão de habitantes, ficando atrás apenas de San Marino, na Europa. São Paulo é outro estado que aparece no triste ranking, na sétima posição.

Pelo quarto dia consecutivo o estado do Rio voltou a apresentar um crescimento da média móvel de mortes maior que 15% em comparação com duas semanas atrás, considerado por especialistas como uma têndencia de aumento nos óbitos. Nesta segunda-feira (24), a média móvel é de 118 óbtios diários.

Confira o ranking de cada local no 156º dia da pandemia :

  • San Marino - 1.237 mortes por milhão de habitantes
  • Rio de Janeiro - 884 mortes por milhão de habitantes
  • Belgica - 851 mortes por milhão de habitantes
  • Peru - 808 mortes por milhão de habitantes
  • Espanha - 609 mortes por milhão de habitantes
  • Reino Unido - 607 mortes por milhão de habitantes
  • São Paulo - 585 mortes por milhão de habitantes
  • Itália - 580 mortes por milhão de habitantes
  • Suécia - 570 mortes por milhão de habitantes
  • Chile - 549 mortes por milhão de habitantes

A equipe de estudos também publicou um relatório sobre as possíveis causas da recente alta de óbitos no Rio. Segundo o relatório, uma das principais possibilidades é que grande parte deste aumento se deve ao atraso no registro de mortes, que estaria refletindo agora.

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"Não percebemos uma segunda onda no Rio. O que vemos nesse aumento recente é que há muitas notificações antigas. Tem um atraso enorme, principalmente nos óbitos. Estamos em um platô alto, mas decaindo de forma lenta. Mas é importante continuarmos com todos os cuidados possíveis", afirma Marcelo Medeiro, professor de economia da PUC e coordenador do Covid-19 Analytics.

Outro fator que pode estar contribuindo para o recente aumento de casos é a flexibilização do isolamento social. Integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia e diretor-médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, Alberto Chebabo diz que todos os 36 leitos exclusivos para pacientes com Covid-19 do Hospital do Fundão estão ocupados. Segundo ele, o aumento das internações na unidade também pode estar relacionado ao fechamento recente de vagas na capital, mas alerta que é preciso atenção com a implantação da próxima etapa de flexibilização .

"Nas últimas duas semanas, percebemos esse aumento e tivemos que abrir mais leitos. A cidade está com as atividades quase que normais, e isso impacta diretamente na contaminação. Não acredito que teremos novamente aquele cenário de maio, mas o momento é de não avançar novas etapa e aguardar a evolução da pandemia", recomenda.

A prefeitura nega que o Rio esteja passando por um “repique de casos da Covid”. O governo diz que o aumento verificado nas estatísticas é, na verdade, devido a uma mudança nos critérios de registro dos casos, determinada pelo Ministério da Saúde no início do mês. Agora, o município tem 90 dias após o óbito para concluir se a morte foi causada pela Covid-19. A Secretaria estadual de Saúde também nega que a curva da doença esteja subindo.
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