Fabrício Queiroz no dia em que foi preso
Polícia Civil / Rede Globo / Reprodução
Fabrício Queiroz no dia em que foi preso

O empresário Paulo Marinho, ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro, disse em depoimento ao Ministério Público que o advogado Victor Granado, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, contou que, após saber das movimentações financeiras atípicas do também ex-assessor Fabrício Queiroz, obrigou o ex-PM a lhe passar as senhas do banco e verificou que o montante de dinheiro movimentado "era bem superior" ao que era noticiado na imprensa. As informações foram divulgadas pelo Jornal Nacional nesta sexta-feira.

"Aí o Victor começou o relato. Disse: 'Olha, eu ontem estive com o Queiroz e eu obriguei o Queiroz a me repassar todas as senhas das contas bancárias dele, e eu passei essa madrugada toda entrando nas contas do Queiroz e os montantes que eu descobri, informei agora de manhã para o Flavio, são muito superiores a esses que a imprensa está noticiando. Inclusive, porque esses se referem a anos anteriores a esses que a imprensa está noticiando'", disse Marinho.

O empresário diz que Victor ficou “estarrecido” com os valores superiores. O MP então pergunta se estava se referindo ao valor de R$1,2 milhão e Marinho confirma.

O Ministério Público Federal apura a denúncia de que o senador Flávio Bolsonaro foi avisado com antecedência sobre a Operação Furna da Onça, que atingiu Queiroz. A investigação foi iniciada após entrevista de Paulo Marinho ao jornal Folha de S.Paulo, quando o empresário e ex-aliado da família Bolsonaro contou que Flávio disse que foi avisado da operação por um delegado da PF e que a ação a foi adiada para que não ocorresse durante o segundo turno da eleição presidencial e atrapalhasse a campanha do então candidato Jair Bolsonaro.

Marinho prestou depoimento no dia 21 de maio, após denunciar o vazamento. Segundo o empresário, o vazamento da operação teria provocado, em outubro de 2018, a exoneração de Queiroz do gabinete de Flávio e a filha dele, que era lotada no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

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Ainda de acordo com Paulo Marinho, foi o próprio senador que o procurou para contar sobre o episódio do vazamento depois que o caso veio à tona em dezembro de 2018. Na ocasião, ele estava acompanhado de Victor Granado Alves, então assessor de Flávio. O advogado — junto com a ex-assessor Valdenice Meliga e atual chefe de gabinete de Flávio Miguel Angelo Braga,também teria se encontrado com o delegado da PF que passou as informações da operação, segundo o empresário.

"O Braga fala com o Flavio, o Flavio designa então que o Braga, o Victor e a Val fossem ao encontro dessa pessoa para saber do que se tratava. E aí fizeram contato e marcaram um encontro na porta da Polícia Federal. Este suposto delegado disse aos três ou disse ao braga: 'Vocês, quando chegarem, me telefonem que eu vou sair de dentro da Superintendência, até para você ver que sou um policial que estou lá dentro, e lá fora a gente conversa'", afirmou Marinho no depoimento.

E continua:

"E aí esse delegado disse a eles: 'Essa operação vai alcançar o Queiroz e a filha dele. Estão no seu gabinete e no gabinete do seu pai. Tem movimentação bancária e financeira suspeita. E nós estamos aqui... eu estou... eu sou simpatizante do seu pai, do Bolsonaro, e vamos tentar não fazer essa operação agora entre o primeiro e o segundo turno para não criar nenhum embaraço durante a campanha'", relatou Marinho.

Em depoimento ao Ministério Público do Rio, o senador Flávio Bolsonaro afirmou desconhecer vazamento de informações da operação policial.

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