Entre imigrantes que residem em Portugal , os brasileiros e os africanos lideram os novos casos de contágio pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) . O levantamento é do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, em colaboração com o Ministério da Saúde português, que levou em consideração os números da pandemia no país entre os meses de junho e julho.
Quase um quarto dos infectados pela Covid-19 no distrito de Lisboa, capital portuguesa, corresponde a estrangeiros, principalmente de oriundos do continente africano. Já em Porto, no norte de Portugal, 16% dos casos são entre imigrantes nascidos na América, a maioria do Brasil .
A conclusão do levantamento é que "os imigrantes estão a correr mais risco de se infectar proporcionalmente do que os nacionais portugueses", disse Henrique Barros, coordenador da pesquisa.
A vulnerabilidade dos imigrantes está relacionada às condições socioeconômicas em que estão inseridos. "Muitos desses casos estão ligados a surtos, por exemplo, em locais de habitação, porque as pessoas habitam em condições de sobrelotação. Sobretudo apartamentos divididos", analisa Barros.
Portugal atingiu, em 2019, número recorde de estrangeiros no país. Já são mais de 590 mil, valor mais elevado registrado desde a criação do SEF, em 1976.
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Os brasileiros estão no topo da lista, com 151.304 moradores. O número representa um quarto de toda a população estrangeira do país e é o maior desde 2012. A segunda nacionalidade mais representativa, a cabo-verdiana, tem 37.436 residentes
O coordenador do estudo reforça que a análise não tem nenhuma relação com estereótipos de nacionalidades ou etnias.
"Isto não discrimina, não estigmatiza ninguém, ao contrário. Se alguém tem que ser criticado por isso é o país, que não é capaz de proteger melhor os imigrantes", afirma o professor Henrique Barros.
Durante o período em que vigorou o estado de emergência em Portugal, de março a maio, o governo decidiu regularizar temporariamente todos os imigrantes com processos pendentes para concessão de residência no país. A medida buscou garantir o acesso a serviços de saúde e apoios sociais e foi elogiada pela Comissão Europeia.