Os quase 3 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina doados por Trump ao Brasil
acabaram por resultar em um novo problema aos estados. O remédio, além de não ter eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, pode resultar em gastos extras, uma vez que o Ministério da Saúde quer que governadores assumam a despesa.
Como as drogas entraram no País em frascos com 100 comprimidos, será preciso separar a dose exata indicada para pacientes do novo coronavírus (Sars-Cov-2) – e, além disso, embalar o produto em caixa específica. O medicamento não pode ter contato com o meio externo e o processo precisa ser supervisionado por farmacêuticos.
A sugestão da pasta foi feita em reunião na última sexta-feira (17) e desagradou os gestores estaduais, que se referem à doação como um "presente de grego".
Reservadamente, os gestores dos Estados lembram que a o Ministério da Saúde sequer deu destino para cerca de 1,2 milhão de comprimidos estocados no Laboratório do Exército. O órgão turbinou a produção da cloroquina, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, e elaborou 3 milhões de comprimidos – o último lote, de 2016, foi de 265 mil unidades.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) já reforçou que a droga é ineficaz para a prevenção e cura da covid-19. “A hidroxicloroquina deve ser abandonada em qualquer fase do tratamento da covid-19”, afirmou a entidade.