A mulher que foi mantida em cárcere privado pelo companheiro há oito anos tinha todas as suas ligações telefônicas monitoradas. O homem, preso em flagrante na última quarta-feira por policiais da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande, ficava ao seu lado ouvindo as conversas e a obrigava a mostrar com quem havia falado. Ele também lia todas as mensagens enviadas pela mulher pelo WhatsApp.
A polícia foi acionada pelo filho da vítima, que conseguiu fotografar um bilhete escrito por ela numa visita. Na mensagem, a mulher falava sobre as restrições: "Não estou podendo falar contigo pelo meu zap. (...) Ele fica o tempo inteiro atrás de mim, vendo o que eu faço e me ameaçando. Não tenho como sair, estou sendo completamente torturada, psicologicamente, moralmente e passando por constrangimentos horríveis", escreveu a mulher.
A vítima havia tentado acionar a polícia antes, já durante a pandemia de coronavírus. No entanto, ela não conseguiu comparecer à delegacia para formalizar a denúncia porque o companheiro não a deixava sair de casa.
Segundo a delegada Mônica Areal, que investiga o caso, os parentes da mulher começaram a desconfiar da maneira retraída como ela se comportava quando recebia visitas. Por isso, aproveitaram uma distração do homem para fotografar o bilhete e procuraram a delegacia.
O homem vai responder pelo crime de cárcere privado, que tem pena de 2 a 5 anos de prisão.