O número de pessoas que morreram fora de unidades de saúde durante a pandemia explodiu nos últimos três em São Paulo, Rio, Manaus e Fortaleza. Só entre 15 de março e 13 junho as mortes em casa saltaram de 6.378 para 9.773 nas quatro capitais, revela um levantamento feito pelo epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz, a pedido da Folha .

Cemitério do Caju, no Rio
Gabriel Monteiro/Agência O Globo
Cemitério do Caju, no Rio

O repentino aumento corresponde a um crescimento de 53%, ainda maior do que o aumento de todas as mortes por causas naturais no período, de 44%.

Manaus , por exemplo, registrou 1.290 mortes em casa ou na rua e teve o maior salto, de 120%. Em seguida vêm Fortaleza , com um aumento de 74% (1.814 mortes), Rio de Janeiro , com 48% (3.029 mortes), e São Paulo , com 34% (3.640 mortes) .

As quatro capitais tiveram uma explosão desses óbitos principalmente no fim de abril e início de maio, quando viveram suas piores fases da Covid-19 . Foi nessa época que os sistemas de saúde do  Amazonas, do Ceará e do Rio de Janeiro colapsaram.

Todas as quatro cidades analisadas tiveram uma diminuição dos óbitos em domicílio no último mês, voltando a números mais próximos do ano anterior. Todavia, o epidemiologista da Fiocruz Jesem Orella é cético quanto à queda.

“O efeito residual da epidemia segue causando adoecimentos e mortes diretas e indiretas. O fato de o número de mortes estar caindo não significa que o problema está sendo resolvido nem que em dois ou três meses tudo voltará ao normal. Ao contrário, são esperados novos picos, caso as precauções sejam abandonadas”, disserta ele.

“A tendência é que nos próximos meses a gente consiga dividir esses óbitos pela causa. Foi paciente cardíaco que ficou com medo? Ou foi Covid sem atendimento?", completa Diego Ricardo Xavier, outro epidemiologista Fiocruz . "Aí sim vamos ver qual foi o impacto direto e indireto do coronavírus ".

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