Um dos policiais civis investigados pelo homicídio do adolescente João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, teve contato e transportou provas que fazem parte da investigação que apura o crime. O agente — que é justamente o que mais fez disparos dentro da casa onde o menino foi morto — foi nomeado, pelo delegado responsável pelo inquérito, depositário de três granadas que os policiais afirmam ter encontrado no local. O inspetor, então, transportou as granadas da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) até a perícia no mesmo dia da operação.
Os explosivos foram apresentados pelos agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) que participaram da operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, como provas de que havia traficantes na casa onde João Pedro foi morto.
Leia também: Caso João Pedro: policiais mudam versão sobre quantidade de tiros disparados
No entanto, mesmo com seus agentes sob investigação, foi a própria Core que fez a perícia das granadas: o órgão para onde o inspetor investigado levou os explosivos foi o Esquadrão Antibombas (EAB), que integra a estrutura da Core.
Você viu?
De acordo com o laudo produzido pelo EAB, um dos artefatos, era uma granada de mão modelo M3, um produto controlado pelo Exército, de uso restrito. Os outros dois eram explosivos de fabricação caseira. Nenhum deles estava detonado. Todos os artefatos foram destruídos durante a perícia “tendo em vista o risco em potencial que representa o seu manuseio, transporte e armazenamento”. O laudo já faz parte do inquérito.
Leia também: Família passa horas procurando garoto de 14 anos morto em ação e levado pela PM
Desde o início das investigações, a Defensoria Pública do estado, que representa a família de João Pedro, defende que, como policiais civis são investigados pelo crime, o inquérito deve ser conduzido por um órgão independente.
Por isso, anteontem, amigos de João Pedro prestaram depoimentos a promotores do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público do Rio. Na semana passada, a DHNSGI intimou os parentes a prestarem depoimentos na especializada, mas a família não compareceu