Em Bangu, em frente a uma agência da Caixa, quase ninguém usava máscara na última terça
Fabiano Rocha / Agência O Globo
Em Bangu, em frente a uma agência da Caixa, quase ninguém usava máscara na última terça

A percepção de que o carioca afrouxou o distanciamento social nos últimos dias pode ser confirmada pelos números. Um monitoramento feito pela Prefeitura do Rio mostra que a zona oeste foi a região que mais concentrou aglomerações, desrespeitando a recomendação de quarentena contra o Covid-19.

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Os números de casos registrados no Rio ainda não são altos, mas, para especialistas, é uma questão de tempo. A zona oeste já tem um a cada quatro casos registrados na cidade e 30% dos óbitos, mas esse número deve aumentar. A Barra da Tijuca é o bairro com mais casos do novo coronavírus (Sars-Cov-2) confirmados no estado, com 178 casos.

De acordo com Flávio Codeço, biólogo e professor da Fundação Getúlio Vargas, a região é uma “bomba-relógio” por ter muitas pessoas que saem para trabalhar na região central da cidade, além de haver comunidades com moradias que dificultam o isolamento .

"Já são bairros que devem estar tendo uma grande transmissão, mas que ainda não aparece, pelo número reduzido de testes. A Zona Oeste é uma bomba relógio por ser uma região em que há muitas comunidades grandes e com habitações que dificultam as medidas de isolamento. Na dengue, por exemplo, em que o contato não é um fator de transmissão, é uma área muito afetada", analisa.

Uma parceria entre o município do Rio e a Tim permite ao Centro de Operações (COR) detectar aglomerações na cidade por meio dos sinais de celular. Ontem, o pico de concentração de pessoas foi às 10h em Jacarepaguá, com quase 8 mil sinais simultâneos. Anteontem, o campeão foi Santa Cruz, com 3.860 pessoas por volta das 15h.

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O calçadão de Bangu, ontem, estava lotado. Embora o comércio formal estivesse de portas fechadas, os ambulantes tomaram o local. Uma multidão também foi até uma agência da Caixa Econômica no bairro para tentar regularizar o CPF e conseguir se cadastrar no programa de auxílio do governo federal.

Durante o feriado de Páscoa, os bairros da Zona Oeste também foram líderes em aglomeração. Na sexta-feira, Cosmos, Jacarepaguá, Bangu, Santa Cruz e Campo Grande lideraram a concentração de pessoas. No domingo, Ilha do Fundão (Zona Norte), Bangu, Santa Cruz, São Cristóvão (Zona Norte) e Guaratiba.

A região também concentra o maior número de denúncias de aglomerações. O canal da prefeitura que recebe relatos já atendeu mais de 2 mil chamados, uma média de 150 por dia. Os bairros mais demandados são: Campo Grande, Centro, Bangu, Realengo, Tijuca, Santa Cruz, Barra da Tijuca, Copacabana, Taquara e Recreio.

"Máscara deve ser usada mesmo ao ar livre"

Para a pneumologista e pesquisadora Margareth Dalcolmo, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, é necessário reforçar a importância do isolamento social na Zona Oeste.

"Não temos a menor dúvida que os vetores de crescimento são para essas áreas. As lideranças locais precisam tentar conscientizar a população. Não vai só aumentar o número de casos, mas o de óbitos também", afirma.

Ela ainda alerta sobre a necessidade do uso de máscara e de evitar aglomerações, mesmo em ambientes abertos, como feiras livres: "ainda temos dificuldades culturais no uso da máscara, mas que aos poucos estão diminuindo. É uma ilusão achar que ao ar livre você está protegido contra o vírus. Se uma pessoa falar a menos de dois metros de distância, você pode se contaminar".

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Outro levantamento pela empresa de inteligência artificial Cyberlabs, que calcula a circulação de pessoas nas ruas por meio de videomonitoramento de vias públicas cariocas, a circulação aumentou em Jacarepaguá, Centro e Barra da Tijuca ao longo da última semana. O monitoramento é feito pela empresa através de 400 câmeras espalhadas pela cidade. Em Ipanema, Leblon, Copacabana e Botafogo foi percebido uma redução do movimento.

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