Rio
Reprodução/Extra
Denúncia da falta de materiais em hospitais no Rio foi feita por funcionários

A cada plantão, um risco. Na linha de frente no combate ao Covid-19, profissionais de saúde precisam seguir à risca cada orientação para evitar o contágio. Mas em algumas unidades de saúde da rede pública, essa proteção está ameaçada. Não há equipamentos de proteção individual (EPIs) ou são escassos.

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No Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio , há três enfermeiros afastados com suspeita da doença. Além deles, outros profissionais estão de quarentena. Na unidade, falta de álcool 70% a papel toalha.

Uma enfermeira que preferiu não se identificar disse que é preciso "otimizar" alguns materiais na emergência: "a falta de material lá é enorme. Não temos máscara cirúrgica para trocar a cada quatro horas, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Não tem nem para os pacientes que chegam com os sintomas. Há um mês, estamos sem álcool para higienizar as mãos. Também não há papel toalha em quantidade suficiente e a todo momento temos que solicitar reposição, o que demora dias".

A touca e a máscara que os profissionais recebem na unidade são utilizados durante o plantão de 24 horas, segundo relato. O capote impermeável só é dado aos profissionais que participam da entubação e os que ficam no setor com pacientes que testaram positivos para Covid. Quem trabalha com pacientes com sintomas da doença utiliza o capote de tecido.

"Utilizamos durante o plantão de 12 horas. Se molharmos, não temos outro. No acolhimento, onde chegam pacientes suspeitos, não há pias para lavagem das mãos nem álcool", contou a profissional.

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Uma enfermeira do Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte da capital, está entre os profissionais afastados por suspeita da doença. Ela disse que a falta de EPIs completos para todos os profissionais coloca mais vidas em risco.

"Você é jogado ao vírus quando trabalha com material inapropriado. Tem profissionais utilizando macacões e nós estamos com um capote de pano, mesmo lidando com um vírus tão agressivo. A recomendação que a gente recebe é de não transitar de capote, mas não há capotes suficientes", afirma.

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A enfermeira disse que só os profissionais que trabalham na internação ou os que fazem coleta de swab (referindo-se à coleta que se faz no nariz e na faringe para detectar o coronavírus) utilizam o capote impermeável. Os que usam o de pano trocam a cada quatro horas.

"Nesse momento, todas as pessoas podem se contaminar. Não temos propé. Podemos usar calçado de fácil higienização, mas é por nossa conta. Teve um plantão que acabaram as luvas e um funcionário abriu a caixa e dividiu as luvas em punhados entre os enfermeiros e técnicos", criticou a enfermeira .

Nem no espaço onde só profissionais dormem, a sala de descanso, há condições adequadas de higiene. No cômodo dois grupos de cerca de 15 profissionais se revezam para descansar durante o plantão da madrugada:

"É um espaço fechado, mal iluminado, com apenas um ar-condicionado e higienização precária. Apelidamos de Carandiru porque parece um presídio", acrescentou.

A direção do Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC) informa que todas as normas de uso de EPI são aplicadas e seguidas na unidade e que os profissionais foram capacitados sobre a devida utilização. A direção informa ainda que não há falta de luvas na unidade.

A direção esclarece que, além do capote impermeável, os profissionais usam mais um capote de pano por cima quando colhem amostra swab de pacientes suspeitos de Covid-19 ou entram em contato com pacientes graves, em processo de entubação.

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Quanto ao local de descanso da enfermagem, a direção informa que as camas não são ocupadas simultaneamente e os profissionais respeitam o distanciamento recomendado.

A Secretaria municipal de Saúde do Rio diz que a informação não é verdadeira. “O Hospital Municipal Rocha Faria conta com todos os equipamentos de proteção individual preconizados Anvisa e o uso, incluindo o tempo, também segue as normas técnicas. E que há todos os EPIs preconizados na unidade, como luvas, máscaras, gorros, capotes e óculos. Todos os funcionários recebem um kit individual e, caso necessitem repor, solicitam retirada no almoxarifado.

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