Cotado por Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde em uma eventual demissão de Luiz Mandetta, o deputado Osmar Terra era secretário de saúde do Rio Grande do Sul durante a epidemia de H1N1. O estado teve o pior surto do país, com 3,5 mil casos e 297 óbitos em 2009.
Durante a epidemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), Osmar Terra publicou diversas notícias falsas sobre a doença, sendo inclusive penalizado pelo Twitter por violação dos termos de uso. Confira algumas polêmicas envolvendo o possível novo ministro de Bolsonaro e suas declarações:
Defensor do isolamento vertical
Terra é médico, formado pela UFRJ, mas costuma criticar orientações da OMS e se mostra muito favorável ao modelo de isolamento vertical proposto por Bolsonaro. Segundo a Imperial College de Londres, este tipo de isolamento causaria 12 vezes mais mortes no Brasil na comparação com as restrições horizontais adotadas na maioria dos estados.
Quarentena desnecessária
O deputado também chegou a utilizar sua experiência com o H1N1 para fazer referência ao novo coronavírus, quando afirmou que a quarentena seria desnecessária. “Eu me baseio em experiência que tive ao comandar o enfrentamento de várias epidemias, com bons resultados, onde nos concentramos em grupos de riscos sem impedir que atividades continuassem”, afirmou.
Conforme divulgado pela OMS, o novo coronavírus é mais contagioso e letal que o H1N1 de 2009, e se comporta de formas diferentes. Sabe-se que o portador da Influenza A pode infectar, em média, 1,3 pessoa. Já o novo coronavírus é capaz de infectar duas ou três pessoas, tornando-o muito mais perigoso.
Além disso, a taxa de mortalidade do H1N1 é de 0,026%. Ou seja, 26 em cada 100 mil pessoas contaminadas morrem. Na Covid-19, a mortalidade média é de 3,7% - sendo quase 150 vezes mais letal que a gripe suína. A mesma colocação já foi feita erroneamente pelo presidente Jair Bolsonaro.
Fake news sobre isolamento na Holanda
Terra também publicou em seu perfil no Twitter um diagrama mostrando a queda nos novos casos de Covid-19 na Holanda. No tweet, o deputado afirmou: “a Holanda, que não fez quarentena e não fechou uma loja, já passou do pico e está indo para o fim da epidemia”. A informação é falsa .
Você viu?
O Governo da Holanda pediu que todas as pessoas fiquem em casa, além de manter escolas, restaurantes, bares, clubes, museus e academias com as portas fechadas. Eventos públicos também estão proibidos, incluindo cultos religiosos. A medida de isolamento vai até o próximo dia 28.
Casos assintomáticos
Entre suas publicações nas redes sociais, Osmar Terra destacou que 99% dos casos de Covid-19 são assintomáticos, sem indicar qualquer fonte ou estudo para tal afirmação. Estudos recentes publicados nos Estados Unidos e na Islândia mostram que o novo coronavírus seria assintomático para algo entre 25 e 50% dos pacientes.
Novas pesquisas na China indicam que pacientes assintomáticos podem desenvolver traços da doença em algum momento . Atualmente, há um grande esforço das autoridades chinesas para identificar este tipo de pacientes, para evitar um novo surto.
Fake news sobre achatamento da curva de casos
O ex-ministro do Desenvolvimento Social questionou a “quarentena radical” de países como os Estados Unidos, Itália, Espanha, Irã e Alemanha, alguns dos que mais sofrem atualmente com o número de infectados e mortos. Em sua publicação o deputado afirmou que a medida não teve resultados.
"Países com maior número de casos e mortes do coronavírus, que tiveram toda sua população em quarentena radical para “achatar” a curva, NÃO ACHATARAM, é só olhar para a curva! Eles estão é chegando no pico da epidemia a que chegariam também só isolando o grupo de risco", escreveu. A informação também é falsa , rendendo ao ministro o apelido "Osmar Trevas" , utilizado até mesmo pelo ministro Mandetta
Em uma postagem seguinte, o deputado questiona as ações tomadas por Governadores em território nacional. "No Brasil, onde estamos sendo submetidos a uma quarentena radical que destrói nossa economia e empregos, eu pergunto: onde está o achatamento da curva??!! NÃO EXISTE. Com a quarentena ou não, chegaremos ao pico da epidemia antes do final de abril!".