A empresária Flávia Torres, da Parceria Carioca
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A empresária Flávia Torres, da Parceria Carioca

No Rio, em tempo de coronavírus, a solidariedade usa equipamento de proteção individual, vai da Zona Sul à Zona Oeste, passa pela Baixada Fluminense e chega até a Região Serrana. Estilista, empresário, costureira, comerciante, artesão e microempreendedor, em ações individuais ou conjuntas, estão ajudando a confeccionar máscaras que são doadas para proteger, em sua grande maioria, pessoas em situação de vulnerabilidade e moradores de comunidades carentes.

Gente como Flávia Torres, de 53 anos. Empresária da Parceria Carioca, que faz a ponte entre produtores da periferia e vitrines, ela acionou a mão de obra disponível para ajudar a evitar a disseminação da doença em locais que geralmente são esquecidos pelo poder público.

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Com o comércio fechado, ela pediu que todos os parceiros de comunidades usassem receitas para fabricar máscaras artesanais de proteção, feitas de tecidos como tricoline e algodão. O resultado chegou ao número de 1.500 máscaras, já entregues para moradores de locais como Gardênia Azul, Rio das Pedras, Rocinha e até Petrópolis.

"Foi só acionar a parceria e fazer a ponte para a produção de máscaras. São laváveis, feitas com tecido e elástico. A distribuição é local, feita tipo boca a boca nas comunidades. Artesãos e costureiras, que já fabricavam materiais como almofadas e puffs nesses locais, usaram retalhos para fabricar as máscaras. Eles mesmos distribuíram o material para os vizinhos", explicou Flávia.

Na Freguesia, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, a estilista Grace Cavalcante, de 32, também fez sua parte. Inicialmente, ela produziu 15 máscaras que foram entregues às costureiras que trabalham em seu ateliê, para ajudar a proteger funcionárias e os seus respectivos parentes. Com a paralisação das atividades do local, ela fez cem máscaras com restos de retalhos.

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Todas também podem ser lavadas com sabão e são ideais para usar em períodos curtos, de no máximo duas horas. Em dois modelos, lisas e estampadas, com elásticos ou de amarrar, elas foram doadas em apenas dois dias, após Grace anunciar a ação nas redes sociais. Agora, ela quer continuar a ajudar.

"É muito bom ajudar de alguma forma. Essa é a nossa contribuição. As máscaras são de uso doméstico, ou para pequenos trechos, e são reutilizáveis. Agora, estou cortando o molde. Vou entregar tudo para uma costureira fazer. Como vou ter um custo de pagar uma costureira, decidi que farei a doação de uma parte e que a outra venderei a preço de custo", disse.

Em Nova Iguaçu, na Baixada, também há rede solidária. Dona de uma pequena empresa que usa tecidos e faz kit de utensílios para viagem, a microempresária Eliane Motta teve a ideia de ajudar depois de perceber que voluntários que trabalhavam com pessoas em situação de vulnerabilidade não estavam totalmente protegidos. Inicialmente, ela doou toucas para proteger os cabelos das voluntárias. Depois, forneceu kit higiene com pasta de dente e escovas para moradores de rua. Agora, vai doar máscaras que serão distribuídas por voluntários de uma igreja para pessoas carentes.

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"Sempre gostei de ajudar com doações e fazemos isso também ajudando instituições de caridade aqui em Nova Iguaçu. Mandei confeccionar máscaras com restos de tecidos, já que as lojas estão fechadas. Doarei uma parte, assim que a produção ficar pronta. Até domingo, teremos pelo menos 50 disponíveis", disse.

O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta defendeu o uso de máscaras alternativas pela população. Nesta quinta-feira, a pasta disponibilizou um manual para as pessoas confeccionarem sua próprias máscaras de tecido. Segundo Mandetta, este tipo de máscara é tão eficiente quanto as tradicionais para o uso do cidadão que não é, por exemplo, médico ou trabalhador da saúde. A única diferença é que o material deve ser lavado pelo próprio indivíduo para se manter o autocuidado. Ele lembrou ainda que, caso a máscara fique úmida, deve ser trocada.

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