Presidente Jair Bolsonaro
TheNews2 / Agência O Globo
Presidente Jair Bolsonaro

Desde que publicou a mensagem de WhatsApp do presidente Jair Bolsonaro com um vídeo convocando para uma manifestação, a jornalista Vera Magalhães tem sido hostilizada por apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. Vera revelou, nesta terça-feira, o envio do vídeo por Bolsonaro no site do "Estado de S.Paulo" e vem sofrendo ataques nas redes sociais inclusive com dados de sua vida particular sendo expostos.

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Nesta manhã, Vera publicou uma declaração antiga do presidente sobre eventual fechamento do Congresso, na qual ele escreveu: "'Se caísse uma bomba H no Parlamento, pode ter certeza, haveria festa no Brasil'. Jair Bolsonaro em 2018", escreveu a jornalista no blog BRPolítico.

Filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) reagiu, sugerindo que há um abismo entre a "bolha" em que vive a jornalista e a "população em geral", e escreveu: "Se houvesse uma bomba H no Congresso você realmente acha que o povo choraria? Ou você só faz isso para tentar criar atrito entre o Presidente e o Congresso ?". Vera respondeu que jogar uma bomba no Congresso seria um "ato terrorista" e que, "se o povo não se preocupar com isso, a democracia acabará".

Vera também foi atacada pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a deputada Alê Silva (PSL-MG) fez referência a uma frase de Bolsonaro dizendo que a jornalista queria "dar furo".

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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma nota nesta tarde em repúdio à ofensiva contra a jornalista. A entidade diz que Vera foi vítima de doxxing (exposição de dados pessoais) e da criação de um perfil falso em uma rede social. "Quem cria perfil falso em rede social pode ser responsabilizado civil e criminalmente. Na esfera cível, responde por danos morais e na criminal, por falsidade ideológica", informa a nota.

A Abraji considerou "lamentável e preocupante" que o presidente divulgue, mesmo que reservadamente, "ato que vai contra o equilíbrio dos três poderes e contra a própria democracia" e destaca: "Ao desprezar o trabalho da imprensa, ele incita seus apoiadores a atacar jornalistas nas redes sociais, em clara campanha de linchamento virtual".

São, pelo menos, dois vídeos circulando pelas redes sociais sobre o ato anti-Congresso. Em um deles, o locutor diz "Basta. O Brasil só pode contar com você. O que você pode fazer pelo Brasil? Todo poder emana do povo. Vamos resgatar o nosso poder" e faz a convocação: "Dia 15 de março mostre que você é patriota, ama o Brasil e defende o presidente Bolsonaro". Um outro vídeo exalta a figura do presidente, dizendo que "Ele foi chamado para lutar por nós, desafiou os poderosos e quase morreu por nós". A vídeo traz imagens do atentado contra Bolsonaro na campanha de 2018.

Weintraub acusou Vera de espalhar fake news, enquanto a deputada Alê Silva (PSL-MG) insinuou que a jornalista estaria "louca para dar... furo".

O trocadilho com uma prática sexual foi usado pela primeira vez pelo presidente este mês ao criticar jornalista Patrícia Campos Mello, da "Folha de S.Paulo", pela reportagem sobre o uso de disparos em massa de mensagens de WhatsApp pela campanha de Bolsonaro em 2018. "E aí? A senhora também está louca para dar… furo?”, escreveu a deputada numa rede social, referindo-se a Vera.

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Weintraub utilizou a figura do personagem Pinóquio, da Disney, para dizer que a divulgação feita pela jornalista se tratava de uma "fake news". Responsável pelo site Terça Livre e apoiador de Bolsonaro , o blogueiro Allan dos Santos fez um vídeo ironizando a "divulgação gratuita" que Vera teria feito ao ato ao publicar a notícia sobre o envio do vídeo por Bolsonaro.

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