Claudete, de blusa colorida e shorts bege, foi presa após fingir sintomas do coronavírus para ter prioridade em UPA, mas responderá em liberdade
Camila Pontes/O Globo
Claudete, de blusa colorida e shorts bege, foi presa após fingir sintomas do coronavírus para ter prioridade em UPA, mas responderá em liberdade

A empregada doméstica Claudete Maria Rosa da Silva, de 39 anos, foi liberada na tarde deste domingo (9) pela Justiça do Rio, após após ter sido acusada de fingir que estava contaminada com o coronavírus, ao ser atendida na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Copacabana, na Zona Sul da capital.

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Depois de o caso ser analisado na audiência de custódia na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio, ela vai responder em liberdade pelos crimes de falsidade ideológica (artigo 299 do Código Penal) e por provocar alarme, anúncio de desastre e perigo inexistente (artigo 41 da Lei de Contravenções Penais).

Claudete foi presa em flagrante por policiais da 12ª DP (Copacabana) na noite desta sexta-feira (7), após fingir estar contaminada pelo  coronavírus  ao ser atendida em UPA de Copacabana. De acordo com a equipe médica, ela disse que estava vindo de Hong Kong, província autônoma da China.

A advogada da empregada doméstica , Josenilde Teles de Moura, resumiu o caso como "um grande equívoco". Segundo uma amiga da família que não quis se identificar, Claudete chegou na UPA com quadro de febre alta, falta de ar, dor de cabeça, sinais de tontura e com a boca branca. A equipe medicou a empregada doméstica com dipirona e aplicou nebulização.

A advogada negou que Claudete tenha dito que estava com suspeita do coronavírus e que veio de viagem de Hong Kong . No entanto, Josenilde admitiu que sua cliente disse à equipe médica que tinha vindo de outro país.

"Ela não quis causar tumulto. Ela queria ser submetida ao exame de sangue pois já estava na UPA havia 8 horas então acabou dizendo que havia vindo de outro país. Ela não imaginava a repercussão que isso teria. Ela é uma pessoa leiga, humilde e de pouco estudo", contou Josenilde, que alegou para o juiz do plantão que Claudete é ré primária, tem domicílio conhecido e não oferece risco para a população.

Em nota, a Polícia Civil disse que, de acordo com a 12ª DP, "todas as provas, tanto testemunhais quanto a documental, são uníssonas. A autora relatou ter retornado há alguns dias de Hong Kong, como constante dos autos, e informou à equipe médica estar sentindo os mesmos sintomas associados ao coronavírus".

A Secretaria estadual de Saúde (SES) afirmou que Claudete deu entrada na unidade alegando sentir dor de cabeça, febre, tosse seca e dor no corpo, sintomas característicos de um quadro viral, e "reiterava a todo momento à equipe médica que havia retornado de uma viagem à Hong Kong há cinco dias e que, desde então, apresentava mal-estar".

"A coordenação da UPA Copacabana esclarece que, diante do alerta global e recomendações da SES, além do histórico de viagem e sintomas relatados por Claudete, a equipe médica isolou a paciente e iniciou os protocolos de contingência, classificando-o como caso suspeito de coronavírus ", afirmou o comunicado.

Familiares e amigos aguardavam a saída de Claudete na porta da cadeia pública. A empregada doméstica tem um filho de 17 anos e mora no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

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"A Claudete é uma mulher guerreira, é muito trabalhadora e foi feita uma injustiça com ela, porque ninguém deu chance para ela se defender", lamentou uma amiga da família, que não quis se identificar.

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