Prédio irregular envolvido com tráfico é erguido em área de proteção ambiental
Reportagem denunciou que tráfico de drogas que atua na Ladeira dos Tabajaras exigiu dinheiro para construção do prédio de cinco andares
Apartamentos com 67 metros quadrados, vista para Copacabana e área de lazer com preços a partir de R$ 170 mil. Esses são alguns dos atrativos do condomínio "Alto Copa", que está sendo erguido na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. A construção, porém, é irregular, não tem qualquer licença ou documentação, teria envolvimento com tráfico e está sendo realizada em uma área de proteção ambiental. A denúncia foi exibida no "RJ1", da TV Globo , nesta quarta-feira (5).
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A reportagem apurou que o tráfico que atua no local exigiu dinheiro para autorizar a construção que já destruiu parte da vegetação que faz parte da Aérea de Proteção Ambiental (APA) São João. A obra do condomínio já está em estágio avançando e tem entrega prevista para abril de 2020.
O responsável pelo empreendimento é identificado nos anúncios apenas como "Senhor Campos". Ele afirmou, por telefone, que mora no Rio de Janeiro e idealizou o condomínio. "Ali é bem tranquilo, não tem nada. Eu moro aqui em Copacabana há 40 anos. Quando eu vi o espaço pensei 'aqui dá para fazer uma coisa bacana sem risco nenhum, com visual ótimo e com preço acessível", afirmou.
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Perguntado sobre a documentação do imóvel, Campos disse que tem uma escritura do terreno. "Tenho uma escritura que é do terreno inteiro. É uma escritura só, do terreno inteiro. Então, eu tenho que construir, tirar o habite-se e desmembrar. Só assim eu vou conseguir individualizar cada escritura definitiva. É como qualquer construtora grande", disse.
Segundo o arquiteto Pedro da Luz Moreira, especialista da Universidade Federal Fluminense (UFF), além de todas as irregularidades já citadas, o condomínio, que deve ter cinco andares, está acima do gabarito. "(O condomínio) vai ter um impacto muito grande na paisagem geral da cidade e, certamente, não é um empreendimento aprovado. Isso denota toda essa falta de fiscalização e falta de acompanhamento e de poder público nessas comunidades", explicou.
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Procurada, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente disse que foi notificada pela Prefeitura sobre a construção do condomínio na segunda-feira (3). A Secretaria Municipal de Habitação (SMH) foi questionada sobre a construção irregular envolvida com tráfico e os anúncios na internet nos dias 25 e 27 de janeiro, mas não respondeu.