A comunidade Laranjeira Nhanderu , localizada em Rio Brilhante , no Mato Grosso do Sul , sofreu um ataque na madrugada do dia 1º de janeiro, e uma casa de reza , ainda em construção, foi incendiada e parcialmente destruída. Segundo relatos feitos ao Conselho Indígena Missionário (Cimi) pelos índios Guarani Kaiowá, moradores do local, o incêndio foi um ato criminoso praticado por pistoleiros.
A líder indígena Sonia Guajajara publicou em sua conta no Instagram um vídeo do momento em que a casa de reza estava em chamas. De acordo com ela, os índios ainda foram ameaçados e agredidos.
“Desde o dia 01/01/2020, estão sob ataque. Na madrugada do dia 01/01, atearam fogo na casa de reza que está sendo construída no local. Na noite do mesmo dia, dois pistoleiros entraram nas casas de algumas famílias, fazendo ameaças e agredindo os indígenas. Conforme relatos da comunidade, os agressores estavam armados. Assim, temem por novos ataques”, escreveu Guajajara.
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Hipótese refutada
A Polícia local trabalha com a possibilidade de o incêndio ter sido provocado por desavenças entre os próprios indígenas, tese que é absolutamente negada pelos Guarani Kaiowás.
“Estão dizendo que tem índio Guarani Kaiowá envolvido com a queima da Casa de Reza. É notícia falsa, denúncia errada. Ninguém sabe quem foi que colocou fogo. Vimos aqui foi capanga, que a gente chama de pistoleiro, não indígena. Isso machuca e revolta a gente porque vivemos todo dia o genocídio, a violência, o racismo e sempre procuram um jeito de dizer que isso é culpa da gente mesmo”, disse uma liderança indígena, que preferiu não se identificar, em entrevista ao Cimi.
Área de conflito
A comunidade de Laranjeira Nhanderu está localizada em uma área de disputa por terra. Sob posse dos Guarani Kaiwoá desde 2007, o local já foi sede da Fazenda Santo Antônio da Nova Esperança. Os indígenas chegaram a ser expulsos de lá em setembro de 2009 e só conseguiram reocupar a área em maio de 2011.
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Depois de uma série de conflitos com o proprietário, a comunidade foi retomada em outubro de 2018. Seis meses depois, em abril de 2019, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) suspendeu a decisão liminar da 2ª Vara Federal de Dourados que havia determinado a reintegração de posse da fazenda.