Carro do músico Evaldo dos Santos Rosa foi confundido com veículo de bandidos; militares atiraram 80 vezes
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Carro do músico Evaldo dos Santos Rosa foi confundido com veículo de bandidos; militares atiraram 80 vezes

Um laudo inédito elaborado pelo Exército revela o rastro de destruição deixado pelos militares que respondem pelos homicídios do músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo, no entorno da cena dos crimes, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio. Em cerca de 200 metros da Estada do Camboatá, peritos militares encontraram 37 marcas de disparos de armas de fogo em muros, carros, grades e paredes de prédios. O documento, obtido com exclusividade pelo GLOBO, faz parte do processo contra 12 militares pelos homicídios.

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A perfuração mais distante do local onde o carro de Evaldo foi fuzilado foi achada na grade do Piscinão de Deodoro, a 200 metros. Os peritos encontraram marcas de dois disparos em hastes do gradil.

A partir dos orifícios de entrada e saída dos projéteis , os profissionais constaram que os tiros foram disparados por fuzis e partiram da Estrada do Camboatá — de onde vinham os veículos militares — em direção a um terreno da Comlurb na esquina da via principal com a Travessa Brasil. Foi justamente por ali que passou o carro dirigido por Evaldo.

Segundo a denúncia do Ministério Público , o primeiro tiro que acertou Evaldo foi disparado pelos militares a 250 metros de distância, atravessou o Piscinão e atingiu o músico próximo à esquina, pelas costas. Depois, os militares se aproximaram e fizeram mais disparos. No muro da Comlurb, os peritos ainda encontraram oito marcas de tiros — em quatro dos orifícios, foram achados fragmentos de bala.

No laudo, os profissionais também elaboraram um mapa para mostrar que os tiros que acertaram o muro partiram de um ponto da Estrada do Camboatá após a descida do viaduto de Deodoro. Naquela tarde, os militares passaram exatamente por esse ponto, rumo à Avenida Brasil.

Tiros em bar, oficina e carros

A perícia feita pelo Exército também encontrou uma marca de tiro na fachada de um bar, que fica a poucos metros do local onde o carro de Evaldo parou. Já no depósito do bar, uma estrutura metálica logo ao lado, os peritos acharam oito marcas de tiros que entraram pela frente. Um dos disparos transfixou a estrutura e saiu pelos fundos.

A fachada de uma oficina mecânica — localizada no térreo do prédio ao lado do local dos crimes — também foi alvo de seis disparos, que vieram de fora para dentro. Num portão azul metálico ao lado da oficina, havia três marcas de tiro. Em três carros estacionados na frente do prédio, os peritos fotografaram um total de nove perfurações.

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No total, os 12 militares fizeram 257 disparos de fuzil e pistola na tarde do último dia 7 de abril. O carro do músico foi perfurado por 62 tiros. O tenente Ítalo Romualdo, que comandava a tropa, foi responsável pela maior quantidade de disparos, 77. Os militares alegam que não queriam acertar Evaldo, mas que reagiram a um assalto e que viram Luciano armado. Hoje, os 12 réus falam pela primeira vez à Justiça Militar . Desde maio, todos eles estão soltos, beneficiados por uma decisão do Superior Tribunal Militar (STM).

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