Um número alto de crianças com menos de cinco anos está sofrendo as consequências físicas da má alimentação e de um sistema alimentar que está falhando com elas, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no último dia 15, em um novo relatório sobre crianças e adolescentes.
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O relatório “Situação Mundial da Infância 2019: Crianças, alimentação e nutrição” aponta que ao menos uma em cada três crianças indígenas com menos de cinco anos – cerca de 250 milhões – está desnutrida ou com sobrepeso.
Duas em cada três com idade entre seis meses e dois anos não recebem alimentos necessários para sustentar o crescimento adequado de seu corpo e de seu cérebro. Isso coloca em risco o desenvolvimento cerebral, deixando-as sujeitas a dificuldades de aprendizagem, baixa imunidade, aumento de infecções e, em muitos casos, a morte.
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As tendências globais se confirmam no Brasil. Nas últimas décadas, o País reduziu significativamente a taxa de desnutrição crônica entre menores de cinco anos (de 19,6 em 1990 para sete por cento em 2006), atingindo, antes do prazo, a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Entretanto, a desnutrição crônica ainda é um problema em grupos mais vulneráveis, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2018, a prevalência de desnutrição crônica entre crianças indígenas menores de cinco anos era de 28,6 por cento. Os números variam entre etnias, alcançando 79,3 por cento das crianças ianomâmis.
Ao mesmo tempo, aumenta progressivamente o consumo de alimentos ultraprocessados (alimentos com baixo valor nutricional e ricos em gorduras, sódio e açúcares) e a prevalência de sobrepeso e obesidade no Brasil.
Uma em cada três crianças de cinco a nove anos possui excesso de peso, 17,1 por cento dos adolescentes estão com sobrepeso e 8,4 por cento são obesos. Apesar da Política Nacional de Alimentação Escolar, a escola ainda é considerada um ambiente obesogênico, com lanches de baixo teor de nutrientes e alto teor de açúcar, gordura e sódio.