O delegado titular da 64ª DP (São João de Meriti), Vinicius Ferreira Domingos, afirmou que a hipótese de a adolescente Lorrana Madalena da Luz Manoel, de 14 anos, ter sido envenenada com uma bala supostamente oferecida dentro de um trem na última terça-feira está "bastante enfraquecida". O investigador confirmou, no entanto, que análise pericial preliminar apontou a presença de grânulos de carbamato, substância popularmente conhecida como chumbinho, no corpo da jovem.
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Segundo Domingos, a polícia trabalha com as hipóteses de morte por consumo acidental, homicídio ou suicídio. Nenhuma linha é descartada em princípio. A equipe médica que atendeu a vítima na UPA Jardim Íris, em São João de Meriti, na Baixada, confirmaram ao delegado que os sintomas apresentados pela paciente correspondem a envenenamento.
Na noite de ontem, policiais recolheram material usado na produção de um cachorro-quente consumido por Lorrana e pela mãe dela por volta das 21h15, cerca de 3 horas antes do início dos sintomas de envenenamento. Como a mãe também ingeriu o lanche, produzido em uma barraca de parente, essa possibilidade também é reduzida.
"As informações confirmadas até o momento são que foi encontrado esse tipo de substância no trato intestinal da vítima. As causas, se foram por acidente de consumir uma alimentação com aquela substância, homicídio ou suicídio estão sendo analisadas com todas as provas", informou o delegado.
De acordo com Domingos, a suspeita de envenenamento por um pirulito oferecido por uma mulher no trem está bastante enfraquecida pelo fato de os sintomas da síndrome colinérgica (reação do organismo para esse tipo de envenenamento) normalmente surgirem entre 40 minutos e uma hora após a ingestão. A menina relatou ter ingerido o pirulito às 15h30 e só apresentou os sintomas graves, como boca espumando, vômito e sudorese forte, por volta de meia-noite. O delegado também acredita que a jovem teria sentido o sabor estranho no doce caso estivesse envenenado.
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Depoimentos prestados por parentes e amigos que estudavam com Lorrana também estão sendo considerados para saber se ela sofria algum tipo de trauma pessoal. "A gente já ouviu alguns familiares. Ontem e hoje, investigadores foram até o colégio onde ela estudava e falaram com amigos para saber se passava por algum problema, alguma desilusão amorosa, mas ainda não podemos concluir nada", ressaltou Domingos.
Imagens dos trens estão sendo analisadas
A delegacia já obteve com a Supervia, concessionária que administra o transporte ferroviário no Rio, imagens de câmeras de segurança do trem em que Lorrana viajou entre Bonsucesso, na Zona Norte, até Caxias, na Baixada Fluminense, após sair do curso de informática. Nelas, segundo o delegado, é possível observar a entrada da adolescente no trem e momentos em que ela estava dentro da composição. Ainda não foram encontradas imagens que mostrem alguém se aproximando dela para oferecer doce, mas o material ainda está sendo analisado.
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O prazo para a conclusão de todos os laudos periciais é de até 30 dias, mas podem ficar prontos antes. A menina deu entrada na UPA à 0h45 de quarta-feira e morreu às 4h.