O estudante de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) Vinícius Rafael, de 30 anos, denunciou nesta terça-feira (11) que foi espancado e estuprado logo após participar da 24ª Parada LGBTQI+ em Goiânia no domingo (8).
Conhecido nas redes sociais pelo nome social Sharmila , o jovem se identifica como queer (pessoas que não seguem o modelo de heterossexualidade ou do binarismo de gênero). Ele voltava para casa quando foi abordado por um homem. Ao se negar a manter relações sexuais, foi espancado com uma barra de ferro, além de ter sido estuprado.
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Ensanguentado e caído no meio da rua apenas de cueca, o rapaz foi encontrado por um amigo. "Ele me levou para a casa dele e me deu banho e roupa", lembrou em entrevista ao iG . Depois que contou tudo para a mãe, foi levado ao Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais).
"Eu fui alvo acessível de homofobia ou transfobia. Com roupa feminina, na rua, de noite, sozinho", conta. Não é a primeira vez que Vinícius sofre uma agressão. "Na primeira vez eu não trouxe o caso a público. Mas com essa agressão logo depois da Parada [do Orgulho LGBTQI+], a gente precisa contar. É bom registrar para ter estatística e contribuir para que haja delegacia especializada em agressão contra minorias, criada apenas quando o Estado reconhece que existe demanda."
Com medo de que as pessoas não denunciem, quer que seu caso sirva de exemplo. "É bom lembrar que toda essa onda de violência contra nós, gays, lésbicas, trans, vem de cima para baixo. Com essas falas do presidente [Jair Bolsonaro] ficamos mais vulneráveis à violência", lembra Vinícius. "Sobrevivi. Com seis pontos na testa, mas sobrevivi", diz.
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O rapaz - que não se importa em ser tratado pelo gênero masculino ou feminino - registrou as agressões no 1° Distrito Policial de Goiânia
acompanhado do advogado Liorcino Mendes e do policial rodoviário Fabrício Rosa, dois dos principais organizadores da Parada LGBTQI+
na capital goiania.
Para o iG , Rosa disse que embora houvesse atenção antes, durante e depois do evento para evitar as agressões, elas ocorrem. "Mas damos sempre apoio às vítimas, evitando que elas sejam invisibilizadas", diz ele.