Depois de provocar uma crise na Polícia Federal com a tentativa de impor um nome ao comando da instituição no Rio, o presidente Jair Bolsonaro abriu uma nova frente de problemas com a ameaça do governo de exonerar o superintendente da Receita Federal no estado, Mário Dehon, o delegado da alfândega do porto de Itaguaí, José Alex de Oliveira, e a chefe da Delegacia da Receita da Barra da Tijuca, Adriana Trilles. Investigações apontam o porto como provável entreposto do poderio bélico da milícia e do tráfico no Rio.
Segundo o presidente do sindicato dos auditores fiscais (Sindifisco), Kleber Cabral, se Dehon for afastado, o governo terá como resposta uma renúncia coletiva de chefes em todos os níveis da hierarquia da Receita .
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“Se houver uma intervenção externa na Receita, teremos renúncia em massa. Pelo menos 200 chefes no país inteiro vão entregar os cargos. Claro que sempre tem um ou outro que prefere ficar. Mas a maior parte vai sair”, disse Cabral ao GLOBO.
A crise começou, segundo auditores, com a ordem do Palácio do Planalto para que o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, exonere imediatamente Dehon. Seria uma forma de obrigar o superintendente a trocar o delegado da alfândega do porto de Itaguaí e a chefe da delegacia da Barra. Procurado, o Planalto disse que não comentaria o assunto.