![Por risco de rompimento em barragem da Vale em Barão de Cocais, moradores estão em alerta máximo Por risco de rompimento em barragem da Vale em Barão de Cocais, moradores estão em alerta máximo](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/an/0l/ey/an0ley8unprqeeblhninlvux6.jpg)
O coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-coronel Flávio Godinho, disse hoje (23), em Barão de Cocais (MG), que não há como prever, com total segurança, quando o talude da mina de Gongo Soco cederá e, principalmente, se o desmoronamento do paredão causará o rompimento da barragem Sul Superior da mina.
“O talude pode ceder amanhã? Pode. Como também pode não se romper. Ele pode ceder depois de amanhã, daqui a uma semana”, disse Godinho. Segundo ele, as informações contidas nos documentos da própria Vale, empresa mineradora dona da mina de Gongo Soco , que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) tornou pública no último dia 16 são “projeções” que apontam para a possibilidade de o talude ceder até amanhã (25) e a barragem se romper.
“Amanhã (25), acho que todo mundo vai ficar vendo se o talude cairá. E se não acontecer? Já falamos qual é a situação, que o talude corre risco, que não há certeza de que a barragem vá se romper e que todas as ações para mitigar o problema já foram adotadas”, explicou Godinho.
“Não há um estudo técnico para dizer quando ele vai ceder. A projeção é que até amanhã ele venha a se romper, mas acreditamos que, se o talude se romper, o carreamento [do material] pode se deslocar para o interior da cava e se integrar ao ambiente”, disse.
Taludes são planos de terreno inclinados, espécies de paredões que cercam a chamada cava da mina a fim de garantir a estabilidade do terreno escavado, e cuja queda pode provocar o rompimento de uma barragem, seja por atingi-la, seja por vibração no terreno. No caso da mina de Gongo Soco, a barragem Sul Superior está a pouco mais de um quilômetro de distância do talude que ameaça ruir.
De acordo com Godinho, o monitoramento da movimentação do talude indica que, só esta sexta-feira (24), ele se movimentou mais 12 centímetros. Este deslocamento do talude vem sendo observado desde abril. “Continuamos o monitorando, mas vale lembrar que não há nenhum estudo técnico que afirme que, caso o talude ceda, a barragem vá se romper”, enfatizou o coordenador adjunto da Defesa Civil.
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Pior cenário
No último dia 17, ao anunciar a interdição e a suspensão das atividades do complexo minerário, o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Eduardo Leão, declarou que o talude de Gongo Soco certamente desmoronará. “Isso é um fato”, disse Leão, ao explicar que, até que o talude ceda, apenas operações seguras para tentar recuperar a estabilidade das estruturas poderiam ser realizadas. “O que estamos fazendo agora é minimizando os riscos, evitando que pessoas transitem dentro da cava ou que sejam atingidas.”
Já o coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, Flávio Godinho, afirmou, nesta sexta-feira(24), que, ao traçar os planos de emergência e realizar simulados com a população de Barão de Cocais , a Defesa Civil procura imaginar o pior cenário possível a fim de tentar prevenir todas as situações e, assim, fazer um trabalho preventivo que permita às pessoas saberem exatamente o que fazer e para onde se dirigir em caso de acidentes. Segundo o coordenador, isto acaba estressando os moradores da cidade, que tendem a esperar o pior.
“Sabemos que este é um momento de tristeza e angústia. E a cada vez que as informações ruins são potencializadas, isto traz uma certa angústia e temor para a comunidade”, disse Godinho.
“Estamos aqui com todo efetivo e ações para dar segurança à população. Desde o primeiro momento, a Defesa Civil vem trabalhando com o pior cenário possível para poder fazer um trabalho preventivo que permita a todas as pessoas poderem saber quais os locais de risco”, acrescentou, garantindo que o plano de emergência prevê ações para, se necessário, remover pessoas idosas e com necessidades especiais, além de ações para garantir o abastecimento de água e o fornecimento de energia elétrica.
De acordo com Godinho, no pior cenário imaginável, que seria o rompimento da barragem e o vazamento de todo o material armazenado na cava, a massa de rejeitos percorreria cerca de 40 quilômetros, demorando aproximadamente 1 hora e 12 minutos para atingir a primeira casa em Barão de Cocais; 2 horas e 36 minutos a área rural da vizinha Santa Bárbara, e 8 horas para chegar ao município de São Gonçalo do Rio Abaixo.
A literatura técnica, no entanto, aponta que, em caso de rompimento de barragem, o volume de material que vaza da barragem não ultrapassa 73% do volume total, o que reduz a distância que os rejeitos atingem e a velocidade com que a percorrem.
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“Se o talude cair no interior da cava e não houver nenhuma consequência para a comunidade, não será preciso falar em acionamento do plano de emergência. Já se o talude cair dentro da cava e gerar uma vibração e o rompimento da barragem, todos os órgãos serão imediatamente acionados para dar todo o apoio à população”, garantiu Godinho.