Por risco de rompimento em barragem da Vale em Barão de Cocais, 500 pessoas foram evacuadas da cidade
Divulgação/Vale
Por risco de rompimento em barragem da Vale em Barão de Cocais, 500 pessoas foram evacuadas da cidade

O talude do  complexo da Mina de Gongo Soco, da Vale, no município de Barão de Cocais (MG), vai se romper. "Isso é um fato", segundo declaração do diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Eduardo Leão. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (20), o órgão alerta que o desabamento do paredão da mina deve ocorrer até o próximo sábado (25). 

A barragem da mina de Gongo Soco é do mesmo tipo da que se rompeu em Brumadinho, em 25 de janeiro, deixando mais de 230 mortos. Segundo a ANM, que interditou o complexo de Barão de Cocais na última sexta-feira (17), o talude norte da cava de Gongo Soco estava se deslocando 10 centímetros por ano desde 2012, um deslocamento aceitável dada a dimensão da estrutura.

"Mas, desde o fim de abril, a velocidade do deslocamento aumentou para 5 cm por dia e, se esta aceleração continuar, o rompimento do talude pode acontecer entre os dias 19 e 25 de maio", alertou a ANM, acrescentando que a velocidade de deslocamento do talude chegou a 7 centímetros por dia nesse domingo (19).

A ANM já havia notificado a Vale e determinado que a empresa tomasse uma série de providências emergenciais, entre elas a “suspensão imediata do tráfego do trem de passageiros no trecho do viaduto localizado a jusante [fluxo normal da água de um ponto mais alto para um ponto mais baixo] da cava; monitoramento por vídeo em tempo real das barragens e também a apresentação de estudo de comportamento da possível onda gerada pelo rompimento do talude norte.

Desde 2016, a cava e todas as obras já estavam paralisadas. Segundo a ANM, o risco de rompimento é do talude da cava e não da barragem, que fica a 1,5 quilômetro de distância da cava. A agência disse que a preocupação é que a vibração gerada pelo rompimento do talude influencie na segurança da barragem Sul Superior.

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A barragem Sul Superior é uma das mais de 30 estruturas da Vale que foram interditadas após a tragédia de Brumadinho (MG), ocorrida em 25 de janeiro. Em diversos casos, a interdição foi acompanhada da evacuação das zonas de autossalvamento, isto é, aquelas áreas que seriam alagadas em menos de 30 minutos ou que estão situadas a uma distância de menos de 10 quilômetros. Atualmente, mais de mil pessoas estão fora de suas casas em todo o estado.

Barão de Cocais é o município com o maior número de casas evacuadas. A evacuação teve início no dia 8 de fevereiro quando a barragem Sul Superior atingiu o nível 2 e as famílias foram levadas para quartos de pousadas e hotéis custeados pela Vale. Em 22 de março, a barragem Sul Superior se tornou a primeira a atingir o nível 3, que é considerado o alerta máximo e significa risco iminente de rompimento. Desde a tragédia de Brumadinho, quatro barragens da Vale, em Minas Gerais, alcançaram esse alerta máximo.

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De acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais, 443 moradores da zona de autossalvamento deixaram suas residências. No dia 25 de março, um treinamento envolveu mais de 3,6 mil pessoas que vivem em áreas secundárias que seriam atingidas. Um novo simulado foi realizado neste sábado (18).

Com a iminente ruptura do talude da cava, o  Ministério Público de Minas Gerais recomendou na semana passada que a Vale comunique, por meio de carros de som, jornais e rádios, informações claras, completas e verídicas sobre a atual condição estrutural da Barragem Sul Superior. Também orientou o fornecimento de apoio logístico, psicológico, médico para moradores de Barão de Cocais e das vizinhas Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

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