Um relatório da Aeronáutica revelou que o avião que caiu e matou o ex-presidente da Vale, Roger Agnelli, e outras 7 pessoas em março de 2016 cometeu irregularidades. A aeronave não poderia ter usado o aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, e nem fazer transporte privado de passageiros.
O avião bateu em uma casa ao lado do Campo de Marte dez segundos após decolar e pegou fogo. Sete pessoas morreram no acidente, entre eles o empresário, a esposa dele, Andrea, os dois filhos, Anna Carolina e João, o genro, Parris Bittencourt, a namorada de João, Carolina Marques e o piloto, Paulo Roberto Baú.
De acordo com o relatório, divulgado quase três anos depois, não foi possível apontar nenhum motivo específico que tenha resultado na queda da aeronave, pois era um modelo "experimental". A categoria dispensa homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e também não tem caixas pretas.
Os investigadores, no entanto, acreditam que o peso próximo ao limite combinado com o forte calor na ocasião e a altitude do aeroporto possam ter influenciado no acidente. Testes nos destroços no motor revelaram que estava funcionando normalmente e não havia problemas com o combustível que abasteceu a aeronave.
"Levantou-se a hipótese de que a aeronave não tenha sido capaz de ganhar altura e superar os obstáculos existentes na reta de decolagem e que, sem um controle adequado do avião, o piloto não tenha sido capaz de evitar o acidente", diz um trecho do relatório.
Além disso, a Aeronáutica constatou que o avião era usado para "transporte privado de passageiros, em desacordo com as provisões do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil nº 21, que previa a concessão de certificados de autorização de voo experimental para aeronaves construídas por pessoas, unicamente para sua própria educação ou recreação".
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O avião também não tinha autorização para pousar e decolar do Campo de Marte. Com base na investigação, o relatório ainda recomendou que a Anac e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) aprimorem os mecanismos de fiscalização, para que aeronaves experimentais não possam sobrevoar áreas densamente povoadas, além de atualizar os regulamentos de aviação no Brasil.