Executivos da Mineradora Vale negaram, durante entrevista concedida na tarde desta terça-feira (12), que a empresa sabia que a barragem da Mina Córrego do Feijão, localizada na cidade de Brumadinho, Região Metropolitana de Minas Gerais, apresentava riscos de rompimento.
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De acordo com os funcionários da Vale , os relatórios periódicos indicavam que a estrutura da barragem era "estável". Eles afirmam que, em 2018, o sistema de drenagem apresentou um problema, que foi prontamente corrigido.
"Tínhamos laudos de estabilidade que indicavam claramente que não existia risco iminente na barragem , que a barragem estava estável. Não teve nenhum sintoma de problemas e não teve subida de nível, então, automaticamente, você não teve qualquer indicação de ação necessária", disse o gerente-executivo de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão, Lúcio Cavalli. Ele estava acompanhado do diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani Pires.
Sobre a troca de e-mails que indicou que a mineradora sabia de problemas nos sensores da barragem de Brumadinho , o executivo negou. "Os técnicos verificaram que 46 medidores de água funcionaram corretamente. E que não encontraram aumento no número de água. O objeto da troca de e-mails foi que a visualização desses instrumentos que estão em campo nos computadores do sistema centralizado estavam apresentando incorreções", explicou.
As alegações dos executivos da Vale vão de encontro às informações obtidas pela agência de notícia Reuters , que indicam que relatórios internos da Vale apontavam que a barragem de Brumadinho tinha duas vezes mais chances de rompimento do que o permitido pelas normas internas da mineradora.
Entenda o rompimento da barragem da Vale
No início da tarde de 25 de janeiro, a barragem 1 da Mina do Corrégo do Feijão , que pertence à Vale e está localizada em Brumadinho , cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, se rompeu. O município foi invadido pela lama e pelos rejeitos de minério, deixando centenas de mortos e feridos.
Muitas das vítimas são funcionários ou terceirizados da própria Vale , que tinha um complexo administrativo no local. O refeitório da empresa ficava muito perto da barragem rompida e foi totalmente soterrado.
Integrantes do Governo Federal já admitiram que não será possível resgatar os corpos de todas as vítimas da tragédia. “Este é um episódio de muita gravidade. Algumas pessoas, triste e lamentavelmente, não serão recuperadas", disse o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, após reunião do comitê de crise montado para acompanhar a situação.
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Após a tragédia de Brumadinho, dois engenheiros que atestaram a segurança da barragem, além de três funcionários da Vale , foram presos. Os cinco já foram soltos. O governo afirmou que "tomará medidas" para impedir tragédias parecidas e falou em aumentar a fiscalização. Ainda em recuperação no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) viajou à cidade mineira antes de ser internado e sobrevoou o Rio Paraopeba .