João de Deus se entregou à Polícia Civil na tarde desse domingo (16)
Cesar Itiberê/ Fotos Públicas
João de Deus se entregou à Polícia Civil na tarde desse domingo (16)

O médium João de Deus passou sua primeira noite na cadeia,  após ter se entregado à Polícia Civil de Goiás na tarde desse domingo (16). Ele é acusado de ter abusado sexualmente de mulheres e adolescentes durante atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde o líder espiritual atua há mais de quatro décadas.

João de Deus está preso ao lado de mais dois detentos em uma sala de 16 metros quadrados equipada com camas individuais, chuveiro, pia e uma privada. Não há grades nessa cela, que fica no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital do Estado.

O médium chegou ao local pouco depois das 22h de ontem, após ter sido submetido a exame de corpo de delito no IML. Na prisão , ele terá direito a banho de sol e, nos próximos 30 dias, só poderá receber visita de seus advogados. A prisão do homem de 76 anos de idade foi ordenada pela Justiça após pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e se dá em caráter preventivo, ou seja, sem prazo para soltura.

A defesa de João de Deus prometeu entrar com pedido de habeas corpus ainda nesta segunda-feira (17) para tentar converter a prisão do médium em domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica. "Seria o mais justo", disse o advogado Alberto Toron em entrevista concedida ainda ontem na frente da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Goiânia, para onde o médium foi levado após sua rendição numa estrada de terra, às margens da BR0-060, em Abadiânia.

O médium passou mais de quatro horas na delegacia e prestou longo depoimento no local . Ele rechaçou, mais uma vez, as acusações de que tenha praticado crimes sexuais e também negou que  tenha sacado R$ 35 milhões após o surgimento das primeiras denúncias. "Não tem esse negócio de milhões", declarou o médium, segundo o registro do depoimento, revelado pela TV Anhanguera .

A movimentação milionária foi rastreada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). De acordo com o advogado que representa o médium, o valor não foi sacado, mas sim transferido entre aplicações para "atender às suas necessidades".

João de Deus é suspeito de ter praticado crimes de estupro, estupro de vulnerável (quando cometido contra menor de 14 anos ou quem esteja em situação de vulnerabilidade) e violação sexual mediante fraude.

O médium já foi alvo de mais de 330 denúncias feitas por supostas vítimas aos Ministérios Públicos de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Quinze denúncias já foram registradas em delegacias. Em nota, a força-tarefa do MP-GO que apuras as denúncias contra João de Deus informou que, apesar do cumprimento da prisão, os trabalhos do grupo prosseguirão normalmente nos próximos dias, "no intuito de continuar realizando as oitivas das vítimas e produzir as denúncias a serem oferecidas".

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