O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) pediu nesta quarta-feira (12) a prisão preventiva do médium João de Deus, alvo de uma série de denúncias por abusos sexuais durante atendimentos espirituais a frequentadoras da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). O caso é mantido sob sigilo de Justiça no Tribunal de Goiás (TJ-GO).
O pedido de prisão foi protocolado na Justiça após a promotoria goiana receber 206 denúncias de mulheres que se apresentaram como vítimas de João de Deus , segundo o último balanço divulgado na tarde dessa terça-feira.
Segundo o Ministério Público do estado, as vítimas que denunciaram abusos se identificaram como residentes de nove estados e do Distrito Federal. Também há na relação de supostas vítimas uma moradora dos Estados Unidos e outra da Suíça.
A reportagem do iG buscou contato com a defesa do médium para comentar o pedido de prisão preventiva, e, de acordo com o advogado de João de Deus , Alberto Zacharias Toron, ainda é cedo para qualquer manisfestação sobre o pedido de prisão, uma vez que a defesa não teve acesso ao teor da acusação.
"Sem conhecer os termos pelos quais ele foi veiculado, fica difícil de me manisfestar. De qualquer modo, eu ressalto que João de Deus continua em Abadiânia à disposição das autoridades", afirmou o advogado.
Aos 76 anos de idade, João de Deus esteve hoje no centro de atendimentos espirituais de Abadiânia pela primeira vez desde que começaram a surgir denúncias contra ele, na última sexta-feira (7). O médium permaneceu no local por apenas 10 minutos e se disse inocente.
"Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs. Agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão da lei brasileira. João de Deus ainda está vivo", declarou.
No início desta semana, o coordenador da força-tarefa do MP-GO responsável por apurar as denúncias contra o médium, promotor Luciano Miranda Meireles, explicou que os relatos das supostas vítimas indicam a prática de diversos tipos de crimes sexuais, como estupro, estupro de vulnerável (quando cometido contra menor de 14 anos ou quem esteja em situação de vulnerabilidade) e violação sexual mediante fraude.
Os dois primeiros crimes, segundo observou Mendes, são considerados hediondos, sendo o estupro de vulnerável o crime com maior pena prevista, podendo resultar em condenação de até 15 anos de reclusão.
Leai também: Filha do médium João de Deus acusa o pai de ter abusado dela dos 10 aos 14 anos
Além do Ministério Público de Goiás, promotores de Minas Gerais e de São Paulo já abriram canais para denúncias contra o médium João de Deus .