O Museu Nacional, situado na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio de Janeiro, corre o risco de ser destruído por um incêndio. Esse alerta foi feito em 2004 pelo então secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer, e se tornou profecia na noite desse domingo (2) , quando efetivamente o prédio de 200 anos foi destruído pelo fogo.
O alerta foi feito por Victer após ele constatar várias irregularidades durante visita ao Museu Nacional , que até ontem era a maior instituição de história natural da América Latina. Conforme reportado pela Agência Brasil à época, o então secretário disse ter ficado impressionado com a situação das instalações elétricas em "estado deplorável".
"O museu vai pegar fogo. São fiações expostas, mal conservadas, alas com infiltrações, uma situação de total irresponsabilidade com o patrimônio histórico", disse o então secretário, que cobrou na ocasião esforços do governo federal e a liberação de verbas significativas para evitar que o museu fosse destruído por causa da falta de preservação.
O diretor do museu em 2004, Sérgio Alex Azevedo, disse na ocasião que a situação elétrica do prédio de nove mil metros quadrados realmente era precária, situação que vinha desde a década de 1960 e que foi agravada por causa do "descaso" e da "demora de liberação de verbas".
Sérgio Alex disse que, em dezembro de 2003, foi feita vistoria que constatou que as instalações elétricas do prédio são inadequadas e que era urgente à implantação de um sistema de combate a incêndio . O laudo, de acordo com o então diretor, foi encaminhado aos Ministérios da Educação, da Cultura e de Ciência e Tecnologia, que prometeram verba de R$ 40 milhões para reforma no prédio – que não aconteceu.
Reclamações sobre descaso com Museu Nacional se repetem
As críticas feitas pelo diretor do museu em 2004 são semelhantes às feitas na manhã desta segunda-feira (1º) pelo atual diretor, Alexander Kellper.
O responsável pela instituição protestou pela falta de "bom senso" do governo federal, afirmando que "parte da tragédia teria sido evitada" caso os recursos necessários tivessem sido empenhados antes.
O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, também reclamou que o orçamento das instituições têm sido reduzido de maneira "sistemática" e disse que o Ministério da Cultura "não reconheceu a importância" de ajudar na manutenção do museu mais importante do País.
O incêndio que destruiu o Museu Nacional durou mais de seis horas, entre a noite desse domingo e a madrugada desta segunda-feira. Ainda não foi mensurado o tamanho das perdas e as investigações sobre as causas da tragédia devem ser conhecidas após perícia
da Polícia Federal.
*Com informações da Agência Brasil