Manifestantes se reúnem em frente ao Museu Nacional no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (3) como protesto pelo incêndio que tomou conta do prédio ontem (2). Reunidos na porta da Quinta da Boa Vista, os participantes criticam o governo federal e o poder público pelo o que classificam de “total descaso” com a história do Brasil, com a ciência e com as instituições de pesquisa e ensino.
Pouco depois do início do protesto, autoridades reprimiram os manifestantes com uso de spray de pimenta e gás lacrimogêneo, sendo registrada confusão depois que pessoas tentaram entrar na Quinta da Boa Vista – e foram impedidas pela Guarda Municipal. O ato de luto pelo Museu Nacional começou por volta das 9h da manhã de hoje.
À Agência Brasil, a servidora e pesquisadora da Fiocruz, Márcia Valéria Morosini, disse que participa do ato em “solidariedade aos funcionários do museu”, ainda defendeu que “é necessário liberar a entrada” porque o “protesto era um gesto de abraço”.
“Todos nós, brasileiros, tínhamos que estar aqui. O que se perdeu hoje é muito representativo e é muito simbólico das perdas acumuladas para a ciência do Brasil", disse a cientista. "O que perdemos é uma memória do mundo. Nós éramos guardiões de uma parte da memória da humanidade."
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Também participante do protesto, a estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Vitória Barbosa, conta que considera o incêndio no local como “o descaso com a universidade pública do País”. O museu é administrado pela UFRJ
, que inclusive conta com outros casos de fogo em prédios importantes nos últimos anos.
“Vim protestar tanto pela universidade quanto por todos os espaços públicos de cultura e educação”, afirmou a estudante.
Depois de registrada a confusão, o pró-reitor de graduação da UFRJ, Eduardo Serra, confirmou que negociou com a Guarda Municipal para liberar a entrada dos manifestantes na Quinta da Boa Vista logo depois que o museu for devidamente cercado por grades. Segundo ele, isso deve ocorrer nas próximas horas.
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De acordo com as autoridades, os portões foram cerrados na manhã de hoje por medida de segurança, para evitar tumulto e acidentes. As equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil permanecem trabalhando no local – que ainda corre riscos de desmoronamento. Cerca de 400 pessoas, incluindo servidores, estudantes e manifestantes permanecem no espaço, mas são orientadas a ficarem afastadas no prédio.
Nas redes sociais, dezenas de pessoas comentam a manifestação em frente ao Museu Nacional , lamentando o incêndio no prédio histórico, dando apoio ao ato ou mesmo criticando a tentativa dos manifestantes em entrar na área da Quinta da Boa Vista.
Em país desenvolvido, com povo que valoriza sua história e o conhecimento, ter um patrimônio como o Museu Nacional devorado pelas chamas por causa do descaso público seria motivo para tomar as ruas em protesto. Mas aqui fazemos isso para colocar presidente anti-povo no poder.
— Professor Toshiro®️ (@oswaldtoshiro) 3 de setembro de 2018
Hoje foi dia de fazer um ato de protesto juntamente com os alunos pelo descaso que tem ocorrido com todas as instituições públicas. Nem o museu nacional resistiu. 😢
— Verônica 🌟 (@vroniklima1) 3 de setembro de 2018
Absurdo! Estão reprimindo a manifestação em protesto ao incêndio no Museu Nacional, decorrente da negligência dos governos. Destroem nosso patrimônio, reprimem nossa revolta! Não aceitamos!
— Marcello Pablito (@PablitoMarcello) 3 de setembro de 2018
O RJ gasta com gás lacrimogêneo por ano o mesmo que custa o Museu Nacional.
— Caio Almendra (@CaioAlmendra) 3 de setembro de 2018
Hoje, durante o protesto por conta do incêndio, a Guarda Municipal jogou gás lacrimogêneo nos manifestantes.
Não houve agilidade para prevenir incêndio ou, vá lá, apagá-lo. Mas quer ver agilidade? Polícia reprimindo protesto em frente ao Museu Nacional na base do spray de pimenta. Ê, Brasil!
— Zema Ribeiro (@zemaribeiro) 3 de setembro de 2018
Velho, oq tem na cabeça da galera que ta tentando invadir o espaço do Museu Nacional?
— Lucas Pires (@LucasPires) 3 de setembro de 2018
Fazer protesto ali na frente é massa, super lógico e necessário, mas invasão de uma área onde ainda ta tendo trabalho dos bombeiros?????
O RJ gasta com gás lacrimogêneo por ano o mesmo que custa o Museu Nacional.
— Caio Almendra (@CaioAlmendra) 3 de setembro de 2018
Hoje, durante o protesto por conta do incêndio, a Guarda Municipal jogou gás lacrimogêneo nos manifestantes.
*Com informações da Agência Brasil