O Brasil contabilizou 63.880 mortes violentas ao longo de 2017. O número, que significa média de 175 mortes por dia (ou ainda 7,2 por hora), representa o novo recorde da violência no País, conforme o novo anuário da segurança divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Segundo o estudo, o total de assassinatos reportados pelas secretarias estaduais de segurança de todo o País em 2017 supera em 2,9% o índice do ano anterior e trata-se do maior número desde que os dados da violência começaram a ser compilados pelo FBSP, em 2013.
A maioria esmagadora dessas mortes decorreram de homicídios dolosos, crime responsável por 55.900 das mortes violentas ocorridas em 2017 (crescimento de 2,1% em relação ao ano anterior). Também houve 2.460 casos de latrocínio e 955 mortes ocorridas após episódios de lesões corporais.
A taxa de mortes violentas no Brasil hoje é de 30,8 para cada 100 mil habitantes. Esse índice chega a 68 (por 100 mil) no Rio Grande do Norte, o estado onde mais corre-se riscos de se tornar vítima de assassinato em todo o País. A efeito de comparação, a Comissão Europeia divulgou no início desta semana que a taxa de mortes violentas nos países que integram o bloco europeu é de 1,3 por grupo de 100 mil habitantes.
Ao se debruçar sobre os episódios de violência contra a mulher , o Fórum Brasileiro de Segurança Pública identificou altas nos números de estupros e de homicídios . Mais de 60 mil mulheres foram estupradas no ano passado, o que representa alta de 8,4% em relação a 2016. Já os homicídios somaram 4.539 casos, num crescimento de 6,1% na mesma comparação.
A Lei Maria da Penha, que completou nesta semana 12 anos, foi acionada mais de 221 mil vezes por brasileiras ao longo do ano passado. Esse valor significa 606 casos de violência doméstica por dia.
Violência policial e investimentos
O novo Anuário Brasileiro da Segurança Pública reúne também dados referentes à mortes que envolvem a participação de policiais. Ao longo do ano passado, 367 policiais (civis ou militares) foram assassinados, o que representa média de um agente por dia . Na comparação com 2016, houve queda de 4,9% nesse índice.
Já o total de cidadãos civis mortos em intervenções policiais chegou a 5.144 em 2017 (média de 14 mortes por dia), número que indica aumento de 20% em relação ao ano anterior.
O avanço da violência no País se dá a despeito do aumento nos investimentos em segurança pública, que atingiram R$ 84,7 bilhões em 2017 (gasto médio de R$ 408,13 por cidadão nessa área). A União empenhou 6,9% recursos a mais que em 2016, enquanto os municípios reduziram em 2% seus investimentos em segurança. Já os estados ficaram no mesmo patamar de recursos empenhados entre 2016 e 2017, aumentando em apenas 0,2% os gastos em segurança.