A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (9) operação contra um grupo investigado por esquema de tráfico internacional de pessoas e trabalho escravo. A ofensiva, que conta com apoio do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), é realizada em cidades de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
De acordo com a Polícia Federal , um total de 52 agentes da corporação cumprem desde as primeiras horas do dia 13 mandados judiciais expedidos pela 2ª Vara Federal de Franca, em São Paulo. São cinco ordens de prisão preventiva e oito de busca e apreensão nas cidades de Franca (SP), São Paulo (SP), Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), Jataí (GO), Rio Verde (GO) e Leopoldina (MG).
Os alvos da operação, batizada de Fada Madrinha , são investigados desde novembro do ano passado, quando a PF recebeu denúncias de que transexuais estavam sendo aliciadas pelas redes sociais com promessas de procedimentos cirúrgicos para transição de gênero. Segundo os investigadores, os criminosos também seduziam as vítimas prometendo levá-las a participarem de concursos de misses na Itália.
As investigações apontam que as vítimas eram submetidas à exploração sexual e a condições análoga à escravidão ao chegarem à cidade de Franca em busca das promessas. Parte do esquema consistia em obrigar as transexuais a comprarem itens das mãos dos criminosos (tais como roupas, perucas e sapatos), o que as levava a um ciclo de endividamento.
Ainda de acordo com a PF, os investigados aplicavam silicone industrial no corpo das vítimas e as encaminhavam para clínicas médicas para implante de próteses mamárias. Em nota, a Superintendência Regional da PF em São Paulo diz haver "indícios de que as próteses utilizadas eram provenientes de reúso".
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Polícia Federal diz haver "intercâmbio de vítimas" com outros grupos
As vítimas consideradas "mais bonitas e promissoras", ainda conforme a nota da PF, eram enviadas à Itália para a participação em concursos. Essas viagens eram custeadas pelos aliciadores, gerando novas dívidas para as transexuais, que eram submetidas à exploração sexual na Itália para conseguirem pagar seus débitos com o grupo criminoso.
O grupo criminoso situado no município de Franca mantinha relações com outros criminosos de Goiás e de Minas Gerais. Segundo a PF, havia uma "parceria comercial" entre os investigados que envolvia o “intercâmbio de vítimas".
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, associação criminosa, rufianismo e exercício ilegal da medicina. Se condenados, as penas podem ultrapassar 25 anos de reclusão.
A Polícia Federal informou que as vítimas receberão medidas protetivas garantidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelaa Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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