A dona de casa compartilhou a história no Facebook, e até o momento, o caso já foi compartilhado quase 3.5 mil vezes
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A dona de casa compartilhou a história no Facebook, e até o momento, o caso já foi compartilhado quase 3.5 mil vezes


A dona de casa Maísa Machado denunciou um caso de ofensa contra o seu filho de quatro anos, diagnosticado com autismo, dentro de uma agência do banco Bradesco em São Carlos, interior de São Paulo. Segundo ela explicou à redação do  iG , uma cliente do banco proferiu palavras de teor discriminatório contra a criança na manhã da última segunda-feira (12). 

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A situação aconteceu aproximadamente às 11h30, quando Maísa e o filho, Eduardo, chegaram à agência, no centro da cidade, e solicitaram uma senha preferencial, direito assegurado no caso de crianças diagnosticadas com autismo . De início, segundo relata a mãe, essa senha foi negada e ela precisou pedir mais uma vez pelo serviço.

A mulher explicou suas motivações ao funcionário responsável, e tendo o pedido garantido pela Lei Federal 13.146/15, conseguiu a senha de atendimento prioritário. "O Eduardo está apresentando alguns movimentos que podem ser convulsões, quando ele está em lugares muitos cheios, não fica bem, além do que ele não para", justificou. 

Neste momento, uma senhora questionou o direito ao atendimento preferencial porque o menino, com quatro anos de idade, não seria considerado uma criança de colo. “Uma senhora [...] se aproximou proferindo alguns palavrões e reclamando de eu ter pedido a prioridade”, escreveu Maísa nas redes sociais.

Denuncia às autoridades

“Eu a expliquei sobre o autismo do Dudu, inclusive dizendo que estava com o laudo na bolsa e poderia lhe mostrar. A mesma [ sic ] se negou e continuou a nos ofender”, relatou em sua página do Facebook. Mas, como a senhora continuou com as ofensas e ameaças de agressão , a mãe decidiu acionar a polícia para denunciar o caso.

"Ao perceber que havia cometido um crime, ela tentou fugir e eu entrei na frente dela para evitar. Nesse momento, passou a me empurrar", continuou.  A dona de casa explicou que a senhora conseguiu fugir antes da chegada das autoridades e que sua identidade ainda não foi descoberta.

A mulher tentou registrar a situação em duas delegacias diferentes e não obteve sucesso, já que por ser tratar de um crime contra uma criança, o caso teria que ser investigado pela Delegacia da Mulher. Em uma terceira tentativa, compareceu à DDM na última quarta-feira (14), onde conseguiu fazer um boletim de ocorrência . Lá, foi-lhe informado que o caso será investigado, e que a DDM pedirá informações para o banco com o objetivo de identificar a agressora.

Compartilhada nas redes sociais, a história já recebeu quase 3,5 mil compartilhamentos e 2,5 mil reações. Nos comentários, os usuários expressaram indignação tanto com a situação quanto com a omissão da agência bancária, relatada pela mulher, frente os acontecimentos.

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Reação dos funcionários da agência

A mulher explicou ao iG que em nenhum momento recebeu apoio dos funcionários da agência, que só intervieram na situação quando uma atendente, para assegurar que não aconteceria uma agressão, chamou dois guardas para lidar com o caso. “Me senti completamente desprotegida e sozinha naquele momento”, disse.

Maísa registrou uma reclamação na ouvidoria do banco, explicando que os funcionários da agência não quiseram lhe entregar, em um primeiro momento, a senha preferencial, e não tentaram manter a senhora dentro do estabelecimento. Depois disso, o gerente da agência entrou em contato com ela, e no áudio da conversa, disponibilizado ao iG  , o funcionário tenta explicar que a culpa pela situação não foi do banco.

O homem afirmou que "o Bradesco se solidariza com a situação e está a disposição para fornecer todas as informações requeridas pelo inquérito policial". Entretanto, não concorda que os funcionários poderiam ter mantido a senhora responsável pelas ofensas dentro da agência.

"Eu fiquei chateada porque, além do banco não fazer nada nessa hora, quando eu liguei na ouvidoria no dia seguinte para reclamar, o gerente ainda fez essa ligação para reclamando sobre eu ter ligado na ouvidoria", declarou a dona de casa.

Outra funcionária, que presenciou as cenas, disse a ela que poderia testemunhar sobre o caso, mas tal ação dependeria do jurídico do banco.

Resposta do Banco Bradesco

Procurado pela reportagem, o banco declarou em nota que “o Bradesco respeita as normas de atendimento ao cliente e tem como objetivo prover um atendimento de qualidade a todos os clientes e usuários. A rede de agências do banco está de acordo as normas da legislação vigente, com estrutura adequada ao atendimento preferencial. Com relação ao ocorrido, não comenta o assunto”.

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Por fim, Maísa explica que esta não foi a primeira vez que uma situação assim aconteceu com seu filho.  Há algum tempo, dentro de uma agência do banco Itaú, uma mulher também lhe questionou sobre ter atendimento preferencial . "Mas, dessa vez, eu expliquei a ela sobre o autismo e mostrei a carteirinha, que é um laudo emitido pela Secretaria de Pessoa com Deficiência, e ela disse que tudo bem", contou. "Que isso sirva para concientizar as pessoas, já que dia 2 de abril é Dia Mundial da Conscientizaçao do Autismo", finalizou.

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