Interventor nomeia general do Exército para Secretaria da Segurança no RJ

"Sistema de segurança do Rio passou por dificuldades, mas não deixou de funcionar", disse o general Braga Netto em entrevista; interventor atuará junto ao ministro Jungmann no 'nível político' que coordenará ações federais

Comandante Militar do Leste, General Braga Netto foi escolhido por Temer para ser interventor no RJ
Foto: Beto Barata/PR - 16.2.18
Comandante Militar do Leste, General Braga Netto foi escolhido por Temer para ser interventor no RJ

O general Walter Braga Netto, responsável pela intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, nomeou nesta terça-feira (27) o general da ativa do Exército Richard Fernandes Nunes para o cargo de secretário de Estado da Segurança.

O general Nunes assume o posto que estava vago desde a exoneração de Roberto Sá , que era o chefe de segurança pública do governo de Luiz Fernando Pezão (MDB), e irá desempenhar função de destaque na estrutura montada para tocar as ações federais no Rio de Janeiro.

O general Braga Netto anunciou nesta manhã que a intervenção tem como principais objetivos "recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança e baixar os índices de criminalidede no estado". Para isso, as ações contarão com apoio de um "nível político" formado pelo interventor , pelo governo estadual e pelo ministro Raul Jungmann, recém-deslocado para o Ministério Extraordinário da Segurança Pública.

Abaixo dessa divisão está o "nível estratégico", composto pelo Comando Militar do Leste (CML), pelo gabinete de intervenção (chefiado pelo general Mauro Sinott) e pelos ministérios da Defesa e da Segurança Pública. No "nível operacional" aparecem os órgãos de segurança estaduais e a Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e demais equipes que compõem o chamado comando conjunto, que atua no estado desde julho do ano passado.

Por fim, a estrutura montada para tocar as ações no Rio de Janeiro contará com o "nível tático", onde aparecem as polícias Civil e Militar do estado e as unidades subordinadas ao comando conjunto: Marinha, Exército e Aeronáutica.

"Eu vejo essa intervenção como uma janela de oportunidades para a segurança pública do Rio de Janeiro, com o objetivo nosso de reestruturar, fortalecer, apoiar logisticamente para reduzir a criminalidade e dar um suporte na capacidade operativa – que já existe. A segurança pública no Rio de Janeiro não deixou de existir. Ela só passou por dificuldades", considerou Braga Netto.

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"Série de providências"

Sem dar maiores detalhes sobre as ações que serão colocadas em prática no estado, o interventor disse que as Forças Armadas irão dar suporte para que "cada órgão faça o seu papel". O general Braga Netto, por outro lado, garantiu que "não existe planejamento para a ocupação permanente de comunidades", como ocorreu em comunidades do Complexo da Maré entre 2014 e 2015.

"O primeiro passo é a instalação do gabinete de intervenção. O general Sinott ainda vai tomar uma série de providências dentro da área da segurança pública para que a população perceba essa sensação de segurança", afirmou o interventor.

Braga Netto explicou que não pretendia negar que há violência no Rio de Janeiro quando  declarou que há "muita mídia" acerca da situação da violência  no estado. A declaração foi feita ainda em sua primeira entrevista após ter sido nomeado pelo presidente Michel Temer para coordenar a intevenção federal.

"Não é negar que há violência no Rio de Janeiro. O sistema de segurança do Rio passou por dificuldades. Ainda passa. Mas não deixou de funcionar. Aquilo que for negativo, vocês [mídia] devem cobrar, mas aquilo que for positivo, eu acho que vocês devem colaborar para mudar essa percepção [de insegurança]", disse o interventor.

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